A distância de um tapa
Sentei à mesa do Café do Mercado e prestei atenção na conversa de dois casais sentados ao lado. Falavam de coisas comuns, a formatura dos filhos, o que comeram e onde passaram o Natal, o que fariam nas férias, um dos maridos lamentou uma pane inesperada do seu carro, a mulher do outro mudou o rumo da conversa e comentou as simpatias que faria na virada do Ano-Novo.
Tudo tão comum, tão conhecido, poderia ser qualquer um de nós. Experiências que já tivemos, comida que já comemos, bebida que já bebemos, alegrias e tristezas ou coisas que nos tiraram da área de conforto. Tudo tão humano, enfim. Mas se eu ou você entrássemos na rotina daqueles casais, se morássemos com eles por um longo tempo, comendo a mesma comida, usando o mesmo banheiro ou sentando no sofá para assistir TV, haveria uma série enorme de conflitos.
É como dizer que japonês é tudo igual. Não é. Somos como o sistema solar, cada um tem o seu, com planetas, luas, asteroides e, de vez em quando, um meteorito causando aniquilação de espécies. São os mesmos sistemas, mas, ao mesmo tempo, não são.
De amigos para inimigos é a distância de um tapa.