Os malefícios da leitura
Quando o pioneiro Viagra apareceu no mercado da disfunção erétil, veio acompanhado da aura de salvador da pátria de quem já trilhava um trigal maduro e de jovens em situação de insegurança sexual. No começo, a AZULZINHA precisava de receita, então os médicos ficaram impressionados com a demanda de quem, teoricamente, tinha testosterona explodindo em fúria. Também havia constrangimento em pedir o Viagra para balconistas das farmácias, tal como no passado ficavam vermelhos ao comprar camisinha.
Pois um senhor a quem chamaremos de Z, já adiantado no curso para dobrar o Cabo da Boa Esperança, fez uma reunião de trabalho com sua senhora a fim de criar um protocolo do “agora vai”. Balançando a caixa com os comprimidos como se lábaro estrelado fosse, foram ao leito. Antes, a senhora foi ao chuveiro onde abriu a torneira da água quente.
Enquanto sua loba não vinha, Z começou a ler a bula, especialmente no capítulo de efeitos adversos. A folhas tantas, soergueu-se e deu um grito. Eram tantos os alertas de efeitos colaterais que ele desistiu da empreitada, e disso deu ciência à digna consorte.
Quando contou o caso para amigos, Z encerrou a história que poderia ter outro desfecho não fosse ter lido a maldita bula. Como diz o povo, tão alegres que fomos e tão tristes que voltamos.