O tempo do futuro-passado
Uma coisa que sempre tive consciência foi a saudade do futuro no presente. Quando criança, em São Vendelino, e adolescente, em Montenegro, elegi a lua cheia como a imagem que nunca morreria. Cada momento “prateando a solidão” já era passado.
O luar batendo nos potreiros, nos morros do meu pequeno paraíso, o reflexo nas águas do arroio Forromeco, a lua cheia nas ruas vazias, nas madrugadas de Montenegro, dos anos 1950, no Morro São João. Tudo era único, imagem fugaz, mas paradoxalmente eterna.
O futuro chegava e já era passado, no fim das contas. Cada volta ao luar que iluminava meus verdes anos também traz imagens dos meus familiares, amigos, vizinhos e até meros desconhecidos, tudo e todos foram meu passado que se projetou no futuro, que em um átimo de segundo volta a ser o passado.
Às vezes dói muito.
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