Ventilador que não ventila

31 out • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Ventilador que não ventila

Se tem uma coisa na política brasileira que nunca muda e nunca mudará é o processo de escolha do primeiro escalão. Desde que me conheço por gente, sempre existiram os oferecidos, os nomes ventilados pela imprensa que não se confirmam, as surpresas quando sai o listão oficial. E quando dá errado, as redações amaciam a explicação com explicações tipo “surgiram entraves na última hora”, ou “pressão da base”.

Imagem: Freepik 

Informação que não informa

Costumo dizer que o lugar mais mal informado do mundo é redação de jornal, especialmente. Tem que ser entendido como verdade relativa, quase metáfora. Eu disse quase. A história está prenhe de casos em que até o governador ou presidente nem mesmo sabia que fulano ou sicrano estaria no primeiro time.

Não penso, logo existo

Além disso, tem aquela coisa de, por telepatia ou por telemetria, contar como o governante reagiu diante uma informação ou o que ele pensou. Não lembro bem, mas acho que foi João Batista Figueiredo que contou como começava o dia. “Primeiro vou ler os jornais para saber o que eu disse ou penso.”

A procissão de QI

O velho “quem indica”. Escolher os principais componentes do novo governo é uma tarefa árdua. Tenho pena do eleito. Imaginem a pressão que ele recebe do partido, das famosas bases, dos que o auxiliaram na campanha ou pensam que ajudaram, amigos de infância, parentes próximos e afastados, amigos de ocasião dos quais ele nem lembrava mais. Nossa, deve ser um inferno.

Frases fatais

Só mudou uma coisa: ler currículo enviado e recomendado pelo estafe. Até leem, mas como hoje não existe mais privacidade, a mídia se encarrega de divulgar os podres dos eventuais escolhidos. Por incrível que pareça, a ordem das frases altera o produto. Vou dar um exemplo.

Você precisa empregar alguém e pede que mandem uma opinião sobre o gajo. Aí o cara escreve “ele é muito bom, mas bebe”. Mas se eu inverter e disser “o cara bebe, mas é muito bom” muda tudo, não é mesmo?

Meio copo vazio

O desemprego caiu 11,9%, mas ainda atinge 12,5 milhões de brasileiros. O PIB tem expectativa de maior crescimento – de 1,34% para 1.3%, mas

Meio copo cheio

Tudo o que se noticia neste no País tem que ter um porém ou mas. Nunca está bom o bastante. É claro que, nos dois casos, assim não está realmente especial de primeira, mas existem formas e formas para ressaltar uma condição. Do jeito que esse vício predomina, parece até torcida contra.

Pior…

…como dizia o Júlio César, um taxista amigo meu, pior que é…

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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