Veja mal

2 jan • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Veja mal

A expressão “veja bem” é como a música Como uma onda no mar, do Lulu Santos. E bota onda repetitiva nisso. Ela começou a ser usada no mundo executivo paulista por volta de 1977, custou alguns anos para adormecer e agora está de volta como um fantasma que cria corpo. Fantasma pessoa física.

ESCASSO COMO CABELO EM OVO

Brasileiro tem destas coisas, causadas pela escassez de vocabulário das gentes. Como não tem muita lenha nessa serraria, elas a repetem e, ao cabo de algum tempo, torna-se enfadonha. O pior é que quem a usa acredita que fez uma tremenda de uma sacada e está podendo no mundo que ele acha fashion. Que nada. Tornou-se vulgar como o falar de boa parte dos atletas de futebol.

FERROVIA DA PERDIÇÃO

Alguns, e não só jogadores. Políticos também, para ficar só neles. Sofrem de uma síndrome que podemos definir como uma voz à procura de uma ideia. É comum começarem um assunto e depois enveredam pelos caminhos do aposto e costumam perder o fio da meada, outra síndrome chamada “mas o que é que eu estava falando mesmo? Ah, sim!” Detalhe: nem sempre acham a trilha perdida. É como ir de Porto Alegre a Caxias do Sul via Uruguaiana e se perder no caminho.

VAMOS, MAS VOLTAREMOS

De certa forma, a construção das primeiras ferrovias no Rio Grande do Sul tem essa assinatura. Saindo de Porto Alegre tendo como destino Rio Grande, na Metade Sul, o trem ia ou ainda vai primeiro para Santa Maria e Cacequi, no centro do estado, para depois fazer uma diagonal rumo a Bagé e, só então, aproar Pelotas e Rio Grande. Como é dedutível, já nascemos com vocação de aposto. Como dizia o garçom Dídimo, nóis vai mas nóis vorta.

INFANTICÍDIO

Para quem não é gaúcho: para piorar tudo, quando as ferrovias começaram a ser traçadas, optaram por trilhos com bitola de 1m em vez do clássico 1m20, o que impedia a composição ganhar velocidade mesmo que as locomotivas a vapor ou diesel-elétricas tivessem potência para tal. A explicação: por temer uma invasão argentina via ferrovia – a Argentina usava 1m20 – os gênios logísticos da época mataram um trem de verdade já no trabalho de parto.

PENSAMENTO DO DIAS

Já estamos no dia 2 de janeiro. Como este ano vai passar rápido.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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