Umbigo de vedete

6 ago • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Umbigo de vedete

Difícil mesmo é abrir um jornal e ler no início dos textos “esta é uma semana decisiva” para determinado assunto. Sempre é uma semana decisiva para tudo. O mundo não para nos finais de semana, mas o horário comercial sim. E os governos. E ontem cansei de ler a expressão. Colunistas quase sempre a escrevem, mas nessa estou mais fora que umbigo de vedete. Esclareço: é do tempo em que só quem usava biquíni era dançarina de teatro de revista.

Reprodução de foto de Mafra/Web 

INAUGURAÇÃO DE BANHEIRO

Teatro de revista eram shows com pretexto musical. Alguns muito muquiranas com as dançarinas com meias rendadas furadas como se tivessem sido mordidas por um tubarão, outras luxuosos, que só se apresentavam em grandes teatros e palcos. Já ouviu falar no can-can, teatro de vaudeville? Pois o teatro de revista nasceu na França e foi, como direi, tropicalizado e musicado com ritmos nossos, ou do Caribe. O negócio era mulher de pernas robustas e bunda de inaugurar banheiro.

A GRAÇA DA COISA

 Tudo era pretexto para mostrar sensualidade com músicas de duplo sentido. O mais conhecido que eu lembro era “Tem pixixi no pixoxó”, ora vejam só quanta besteira. Hoje, nem freira acharia graça; na época, anos 1950, as pessoas se dobravam de tanto rir.

DE VOLTA AO FUTURO

Embora sem apelo sexual, dá para usar o pixixi no pixoxó em várias situações. Por exemplo, o tal Greenwald estava a soldo de quem quando usou as gravações dos ministros? Pode não ser soldo latu sensu, mas soldo ideológico. Quem estava por trás do palco enquanto as dançarinas seminuas erguiam as pernas como em passo-de-ganso de exército russo ou norte-coreano? A CIA é que não estava, podes crer.

DE OLHO NO PIXIXI

No fundo, tudo se resume ao pixixi no pixoxó de alguém. Nos outros, pixixi é refresco. E se no tempo de teatro de revista as mulheres da tradicional família brasileira iam para as ruas protestar com essa indecência. Aí veio 1964, e os militares botaram o pixixi no pixoxó de todo mundo. Quer dizer, o Brasil sempre foi e será um teatro de revista.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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