Uma vida enjambrada
Às vezes, tenho vontade de fazer um diário só com as sacanagens do dia a dia. Não as que eu fiz, que também não sou santo, mas as de que fui vítima. Em menos de 24 horas – vá lá, não seria diário e sim “bidiário” – coletei meia dúzia delas.
Botei o carro numa lavanderia de pé-de-borracha e cumpri alguns roteiros de táxi. Por exemplo, fui ao complexo do Mãe de Deus Center duas vezes de táxi partindo praticamente do mesmo ponto e voltando a ele com outros táxis. Paguei entre R$ 12,00 e R$ 17,00, cada taxista jurando que era o trajeto mais curto.
Achei uma lojinha que vende meias como eu gosto: honestas. Nada muito fino, mas também quem vai ficar olhando meu pé? Pegar sim, vivem pegando. Pois bem. Comprei dois pares e ontem voltei à loja para comprar mais. Terminou o estoque.
A Kleenex fabricava um spray higienizador pequeno, desses de deixar no porta-treco do carro. Terminou o tubinho, fui à farmácia comprar outro. Não tinha e não tem previsão. Parece que não fabricam mais. Outro dia, levei o carro para meu mecânico porque tinha um barulho esquisito no porta-malas, tipo estepe solto. Quando ele deu uma volta para ouvir, o barulho desapareceu. Fui ao Centro, e o barulho voltou. Acho que era a rebimboca da parafuseta enjambrada.
Aquele queijo maravilhoso Port Salut que uma pequena queijaria me vendia, acabou. A queijaria junto. Fechada, parece que para sempre. Vou ao Centro e um daqueles pastores gritões berra no meu ouvido que, se não me curvar às palavras Dele, serei enviado non stop para o inferno.
Sem problemas. Já estou acostumado. Deus dá e Deus tira, embora ultimamente mais tire que dá.
(Publicado em janeiro de 2012)