Uma tragédia na casinha
Na campanha eleitoral que elegeu Jânio Quadros presidente da República, em 1960, ficou evidente que o paulista conhecia muito bem o Rio Grande do Sul. Seu apoiador, o ex-deputado e ex-secretário de Estado Ariosto Jaeger deu esse testemunho em conversa que tivemos anos depois. Ariosto, que também conhecia o Interior como a palma da mão, me contou que Jânio sabia coisas nossas que nem mesmo ele sabia.
Isso ficou evidente quando fizeram o roteiro de campanha. Em um grande comício em Santa Rosa, Jânio subiu no palanque e enumerou os principais problemas do município, o que lhe valeu a simpatia imediata do povo. E olha que, naquele tempo, não havia Google. Ao lado dele, Ariosto sentiu alguma coisa estranha no intestino. A maré que borbulhava na sua barriga exigia uma saída de emergência. Aflito, desceu do palanque, perguntou onde podia achar um banheiro. Apontaram uma “casinha” nos limites do terreno.
Desgraça quando vem, nunca vem sozinha. A frágil estrutura cedeu e o resto vocês podem imaginar. Não bastasse o vexame, o ex-deputado ouviu pelo serviço de alto falantes uma pergunta de Jânio Quadros que ele não podia responder.
– Meus caros, aqui do meu lado está alguém que também conhece Santa Rosa…Ariosto, onde estás Ariosto?