Uma experiência atroz
Certa noite do finalzinho de 1968, houve um incêndio em prédio alto da 24 de Outubro, imediações da Igreja N.S. Auxiliadora. Eu era repórter da área policial da Zero Hora. Fomos lá, eu e o fotógrafo Santinho. Depois que o fogo foi controlado e os bombeiros faziam o rescaldo, subimos à revelia dos então chamados soldados do fogo até o andar onde tudo começara, acho que foi no sexto ou sétimo.
Obviamente, a energia tinha sido desligada e subimos pela escada. Então, era um breu só, água jorrando, mangueiras pelos corredores, fumaça e vapor d’água, um cheiro terrível de queimado e cinzas. E o calor, meu Deus, era uma coisa insuportável. Depois que o flash da máquina do Santinho espoucou fotografando quase nada – ora, fotografar o escuro… – desistimos de subir até o andar.
Na descida, em carreira desabalada, encontramos um sargento dos Bombeiros, que nos passou um sermão interminável. Irresponsabilidade total a minha, assumo, mas essa era a vida de um repórter policial daqueles tempos.