Uma amnésia carnavalesca
“…pegou seu Corcel II LDO e se mandou para Montenegro”
Como já não se fazem mais carnavais como antigamente, também desapareceram os blocos do tipo “o que é que eu vou dizer em casa”, foliões que curtiram o Momo no xadrez. Folião desaparecer de casa para pular carnaval não chega a ser novidade. Bons e sólidos casamentos já foram pro saco por causa dessa compulsão. O diabo é que, depois de algumas biritas, a prudência vai para o beleléu. Mesmo os casados. Principalmente os casados, como foi o caso, nos anos 70, de um jornalista da praça, ainda vivo e atuante. Contam que ele saiu para cobrir o Carnaval para a emissora de TV na qual trabalhava e acabou cobrindo uma foliã, coleguinha de trabalho por sinal. Acordou na quarta-feira de Cinzas, com a cabeça que era um porongo. E agora, tio, qual a desculpa? Matutou, matutou, e fiat lux! Pegou seu Corcel LDO II e se mandou para Montenegro. Estacionou defronte à praça, sentou num banco e esperou passar um casal bem-vestido e com cara de gente séria. Quando o casal passou na frente dele, fez uma cara de confuso e disparou: – Onde estou? Como é meu nome?