Uma amizade desfeita
Em décadas passadas, quando o Centro de Porto Alegre era de cidade e não essa zorra que é hoje, era comum ver pessoas caminhando na Praça da Alfândega, mesmo noite alta. Na frente, ficava o Matheus, aberto dia e noite, para a alegria dos que gostavam de um cafezinho amigo e sanduíche de pernil ou cachorro quente supimpa, com um molho cuja receita se perdeu para sempre.
Pois foi em uma dessas noites que o Procurador Zequinha caminhava com um amigo de longa data, um baixinho além da conta. Como de hábito, ele se queixava da mala suerte.
Zequinha, meu amigo, pra ti posso repassar minhas mágoas. Não sabes o que sofro com as chacotas por minha altura. Pintor de rodapé, que só sirvo pra tirar penico de baixo da cama…essas coisas terríveis. Pior que não tem remédio para deixar de ser baixinho…
Distraído, Zequinha deu um direto no rim da amizade.
– Já experimentaste aguar os pés?