Um avião na avenida
Para muitos, não existe lanche melhor do que o sanduíche Farroupilha. A combinação de pão d’água bem quentinho, um bom presunto e um queijo idem, aproxima-se da perfeição. Tal como o conhecemos, e invenção gaúcha criada e servida no Bar Farroupilha, na esquina da Borges de Medeiros com Fernando Machado. Além dele, o estabelecimento do italiano José com seu sobrinho Carlinhos seria PF, à la minuta e aproximações.
Pois foi o Bar Farroupilha o cenário de um estranho acontecimento. Dois amigos libavam noite alta em mesa próxima à janela praticando o tradicional halterocopismo. Já adernado em ângulo de 30 graus, um deles foi pegar um ar na calçada. Minutos depois, voltou com os olhos do tamanho de bolacha de chope.
– Tem um avião descendo a Borges. E de a pé – balbuciou.
O irmão em copo assumiu um ar severo.
– Ah é? Em vez de bichinho agora tais vendo avião? Bebe menos, para com essas cachaça.
– Juro pela minha santa mãezinha que vi!
Ficaram nessa lenga-lenga vi-não-viste por um bom tempo. Depois, o incrédulo foi à calçada para tirar a teima. Além de um sujeito urinando no poste da esquina, não se via nada, muito menos avião a pé. E assim quase feneceu uma longa amizade. Só que a história não terminou.
Realmente, nos anos 1970, um avião desmontado a bordo de um caminhão desceu a Borges rumo à Pedra Redonda, onde a fuselagem foi transformada em restaurante chamado Restaurante do Avião, às vezes Boate do Avião.
Não era bichinho, afinal de contas. E estava mesmo de a pé na Borges.
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