Tudo igual
Desfile de escola de samba é como favela – viu uma, viu todas. Há um estrato que é mais fiel aos desfiles no sambódromo do que torcedor de futebol chamado de fanático. O samba também tem seus fanáticos. E, no caso do Rio de Janeiro, o problema começa aí: quem é que disse que samba-enredo têm samba? É marcha rancho, ora bolas, até um alemão de dupla cidadania como eu sabe a diferença.
Não faz muito que, antes mesmo do Carnaval, o povo cantava as músicas principalmente porque tinham melodias e letras fáceis de decorar. Mas havia música nelas, e não samba-ruído. Onde estão os veneráveis compositores das escolas cariocas?
Bom mesmo era no tempo dos carnavalescos rivais Clóvis Bornay e Evandro de Castro Lima, que reinaram nos anos 1970 até o fim dos 1980. Trocavam farpas pela mídia, aquela coisa de fazer rir. Eles mesmos faziam questão de brigar um com o outro. Mas eram as fantasias que faziam a massa vibrar. E sem ter que engrossar o caldo com atores e atrizes globais que hoje vão desfilar apenas para se exibir.
O nome de fantasia que nunca esquecerei foi de um dos dois supracitados que não esqueço. Chamava-se Honra e Glória Vespertina do Céu Cor de Anil do Brasil. Em matéria de originalidade, disputava posição com o título do livro de um delegado de Polícia aposentado gaúcho, Lycurgo Cardoso:
Ninguém vive impunemente as delícias dos extremos.