Três coisas importantes quando as tentativas de retomada falham

18 jul • ArtigosNenhum comentário em Três coisas importantes quando as tentativas de retomada falham

Artigo do amigo Harry Fockink: 

– Harry, aceitei conversar com você porque descobri algo terrível.

Assim iniciou a conversa com empreendedor que já foi relevante, mas que, após quebrar, não mais conseguiu se retomar. Tinha-o convidado para conversar sobre sua mãe, pois estou coletando material para meu terceiro livro sobre as empresas familiares. Será: As Matriarcas. Quando não mais vivem ou ainda não tenho acesso, faço pesquisa indireta – falo com quem se beneficiou ou é influenciado pela existência destas grandes mulheres.

O tema tem sido recorrente nas minhas atividades com empresas familiares. Tanto que, ao escrever o último livro – Empresa Familiar – Ascender Sem Cair, dediquei todo um capítulo a elas. Na obra, cuja “amostra grátis” pode ser baixada em www.fockink.com.br evidencio a importância da liderança feminina, que, aliás, está em transição. Ela deixa de ser exercida por mulheres, nem sempre matriarcas – as do lado claro da luz -, através de um ou mais homens, para, cada vez mais ser liderança direta e explícita. Para o bem da humanidade, como mostro no referido livro.

– O que de tão terrível o fez, finalmente, aceitar o convite? – perguntei.

– Nos livros que me mandou, fala nos três elixires da felicidade – liberdade, prazer e no ambiente empresarial – exercer o poder.

– Bem isso, são eles que definem a qualidade de vida dos envolvidos e do processo sucessório – confirmei. – Eles têm algo a ver com a terrível descoberta? – Perguntei curioso.

– Têm e não têm. – Respondeu.

Após tomar o seu copo de água num só gole respirou fundo e passou a relatar a sua terrível descoberta. Um tocante e emocionado depoimento de importante aprendizado para mim.

Após a perda repentina, em acidente de avião, da mãe, a pessoa por trás do sucesso do pai e que mantinha a família unida e focada, o fundador se envolveu com jovem que levou à desagregação da família e à perda da empresa. O pai, abandonado pela jovem ao ver as dificuldades inviabilizarem suas veleidades, não suportou a separação, que aliada à quebra da empresa, levou-o ao suicídio num aparente acidente de automóvel.

Cada um dos três filhos seguiu rumo próprio. Apenas meu interlocutor teve sucesso. Até ele, por sua vez quebrar e tentar, por quase vinte anos, retomar.

Segundo ele, apesar de focar, agir e persistir, referindo-se ao conteúdo do livro recebido, nunca mais conseguiu formalizar seu potencial e realizar sua ambição. Concordou que poderia ter faltado esforço e nem sempre o foco e as ações foram o que poderiam e deveriam ter sido. No entanto, conforme meu interlocutor, isso teria sido por terem faltado duas coisas:

Autoconfiança e o que chamou a sua descoberta terrível.

A autoconfiança estaria relacionada a fatores internos e externos, afirmou. Com o que concordo. No caso dele, os internos estavam abalados, pois tinha quebrado e os externos não mais existiam. E estes seriam a admiração, o respeito e a consideração de quem importa para a pessoa para assim se sentir estimulada a fazer. No caso do meu interlocutor, sua esposa e os três filhos.

E segundo ele ao quebrar, nunca mais tinha recuperado os fatores internos e, muito menos, os externos.  Essa era sua descoberta terrível. Sem eles a vida não valia a pena e isso estaria por trás da sua falta de esforço.

Faz pensar? A mim fez. São coisas importantes para alguém se retomar?

Como andam seus três fatores internos e externos de sucesso? Tem prazer no que faz, liberdade e poder para fazer? Quem é importante o admira, respeita e considera?

Se as pessoas importantes para você não o admirassem mais, já não tivessem respeito e nem mesmo consideração seria terrível como foi para meu convidado? Para mim seria.

Propus ao meu interlocutor que, em troca de falar sobre sua mãe e me ajudar com as pesquisas do meu novo livro, faria um processo de mentoria. Espero que aceite e em breve possa contar boas novas a respeito dele. Vai ter que se retomar a partir dos fatores internos. Os externos serão consequência? O que acha? Comente.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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