Teoria geral do buraco

10 jun • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Teoria geral do buraco

Prazer! Meu nome é Buraco Quebra-Pernas I e sou irmão gêmeo do Buraco Quebra-Pernas II. Moramos próximos um do outro, coisa de 15 metros. Em dupla o estrago é bem maior, hehehe, como é o jeito de vocês para rir. Eu e o mano viemos para barbarizar. Atualmente, e neste formato, estamos morando na famosa Rua da Praia de Porto Alegre. Mas por favor, não nos confundam. Somos diferenciados.20190607_132907buraco

O BURACO É MAIS EMBAIXO

Para começar, somos retangulares e não redondos como nossos primos. Tivemos uma valiosa ajuda de alguém, cuja identidade não posso revelar, que retirou nosso telhado e nos deixou nascer. Deus existe! E a Incúria também, salve salve! Como estamos em sigilo de justiça, não posso revelar quantos transeuntes já machucamos.

A REBELIÃO DOS BURACOS

Toda a Capital gaúcha está cheia de buracos. Não com nossa categoria, embora não circulem carros na Rua da Praia. Foi opção. Agora vou revelar nosso segredo de viver para sempre nas ruas de Porto Alegre. Buraco é como uma cárie dentária. Para tratá-lo, precisa limpar com uma broca, selar, e só depois colocar asfalto em cima, igual ao tratamento da cárie. Caso isso não seja feito, ele volta em seguida. Graças ao Deus dos Buracos a prefeitura não faz esse procedimento.

NOSSA MISSÃO

A missão é encher as ruas com nosso trabalho. Saberemos que a meta foi atingida quando os motoristas começarem a dizer que tem muito asfalto no meio dos buracos. Será a glória. E não está muito longe.

NOSSO MEDO

Nosso medo é que ano que vem é ano de eleições municipais. Nesta época, os prefeitos começam a nos tapar para mostrar serviço para a reeleição. Ninguém vota em buraco do passado, então eles não temem que essa recordação os irrite como se vivos estivéssemos.

A HIBERNAÇÃO

É um segredo, não espalhe. Não temos medo que sejamos tapados, porque eles sempre cometerão o mesmo erro descrito acima. Hibernamos e acordamos depois – vivos e fortes. Eu sei que pode parecer uma heresia, mas nós – buracos – somos indestrutíveis.

LIMPEZA ÉTNICA

Nosso maior temor é que as prefeituras em geral adotem o sistema argentino e uruguaio. Nossos parentes foram praticamente extintos nas cidades destes dois países. Foi uma limpeza étnica, por assim dizer. De noite, eu e o mano temos pesadelos em que um mestre de obras das prefeituras argentinas ou uruguaios sejam contratados para nos assassinar.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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