Tempo ao tempo
Novo impasse jurídico no processo de impeachment do prefeito Nelson Marchezan Jr. o favorece. A CPI tem que terminar os trabalhos em 90 dias, e de passinho em passinho o processo Marchezan acaba sozinho. Não só. Em todo processo de impedimento, o processado pode ser vitimizado pelo eleitor.
O QUE PENSAM OS SILENCIOSOS?
O povo costuma ser solidário com quem apanha a mais não poder. Vira coitadinho. Mesmo em outras circunstâncias, é como Bolsonaro. De tanto levar pau, a maioria silenciosa começa a achar que aí tem.
COMO UMA ONDA NO MAR
No auge da pandemia, o prefeito levava cacete até de sem- teto, principalmente pelo fechamento do comércio. Com a redução de mortes, casos e hospitalizações, é evidente o sentido de alívio na população. Então não precisa descontar em alguém, desde que até a eleição não venha uma segunda onda.
O governador Eduardo Leite também foi muito criticado pelo mesmo motivo. Sejamos justos, há horas em que é preciso tomar medidas impopulares, duela a quién duela. Ocorre que não sabemos como o Interior viu e vê as ações de Leite. Porto Alegre e os porto-alegrenses sempre se acharam o umbigo do estado. Pura gabolice e falta de conhecimento.
ONDE MORA O DINHEIRO
O dinheiro, a indústria, o comércio e o agronegócio estão longe da Estátua do Laçador. O dinheiro não vem deles, não de uma cidade onde 30% são funcionários públicos nos três níveis de governo. Foi-se o tempo em que luzes da cidade grande atraiam interioranos como um lampião atrai mariposas.
ESPELHO, ESPELHO MEU
Minha percepção é que Eduardo Leite tem boa imagem, pelo menos no Interior, pelo enfrentamento desigual com o vírus. Também vai depender do vírus pegar mais uma onda. Ou não.
EM BUSCA DO PINGO PERDIDO
Há uma clara tendência de ex-moradores do Interior em voltar às origens em busca do pingo perdido, assim como parte dos nativos da Capital queria conhecê-lo de perto. A criminalidade afasta, e a vida simples atrai. Ocorre que há um longa distância entre querer e poder. Mas o sonho fica.
COZINHA DE HOSPÍCIO
Arrisque: qual o povo que bota purê de batata no cachorro quente, assa melancia, bota açúcar no churrasco, mistura cebola com maçã, coloca quatro ou mais tipos de pimenta no hambúrguer e mistura peixe com carne de porco? Acertou. O dos Estados Unidos.
Trabalhando em casa e vendo programas de culinária na TV ao mesmo tempo – sim, jornalista treinado pode falar ao telefone e escrever outro assunto – chego a dar razão aos iranianos que acham que a civilização norte-americana vai colapsar.