Tão longe, tão perto
Juro que daqui para a frente vou olhar o mundo com binóculos como meus colegas de profissão. Esse útil aparato visual permite que se veja tudo mais próximo ou mais distante. Ó maravilha! Para olhar beem, usarei o modo mais perto. Por exemplo, o número de infectados por Aquele Que Lembra Chuveiro e o número de mortes no Rio Grande do Sul.
O HORROR, O HORROR
Tal como o coronel Kurtz do Apocalipse Noy, direi isso ao assestar os binóculos no modo perto, perto demais. Criaturas de Deus e do Diabo, que desastre! Passamos dos mil casos e passamos de 50 mortes e contando. Mas onde vamos parar? Como dizia aquele ancião que viu uma boneca inflável pela primeira vez. Só tenho um consolo: dos sete palmos de terra não passamos.
NO REINO DE LILIPUT
Com esses olhos que a terra há de comer, virei esse útil aparato ao contrário. Levei um susto, crianças. Com essa inversão, vi a floresta inteira e não só as árvores tombadas. A floresta são os mais de 12 ou mais milhões de almas gaúchas e aquerenciadas vindas de outros rincões. Já não parecia tão assustador, embora lamente os mortos e feridos graves.
TUDO NA VIDA…
…é comparável. Você só enxerga o bonito se o feio está ao lado. Foi neste ponto que lembrei das previsões, geradas por gente do ramo, catapultadas e turbinadas pela famosa mídia. Está no nosso DNA dar preferência à imagem ampliada. Então eles berram que vai piorar muito, não se enganem, Jesus vem aí e já está próximo dos próximos, posto que fomos feitos à sua imagem e semelhança. Só que Ele criou uma vacina para si.
GENÉTICO, DE GÊNESIS
Por causa dessa molinha helicoidal e seus fundamentos, gente da caneta Bic atrás da orelha e mãos no teclado não olha com os olhos de ver. Eu os desculpo ma non troppo. Afinal, consumidores de conteúdo detestam olhares róseos, como os que acreditam que no Céu só existem anjinhos assexuados tocando musiquinhas chatas. Não, eles preferem o andar de baixo, onde há mais calor humano.
NÓIS ENGANEMOS OCEIS
E o Capitão, hein? Se apressou em desmentir que mandou seu Guedes procurar seus direitos para acalmar o doutor Mercado. Foi um banho de água gelada nas vestais e cassandras. Coisa chata. Nunca vem uma boa notícia.
FINGIMO QUE FUMOS E VORTEMOS
Mas não desesperem, Deus e hambúrguer de três camadas são grandes. Quem sabe – e há boas chances – o homem apronta mais uma.
ÓI NOIS AQUI TRAVEIZ
Ou não.
PENSAMENTO DO DIAS
Prefiro chorar num Porsche 2020 que chorar em um Lada 1990.
Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.
