Suruba queijeira
Andei lendo algumas dicas de sucos no caderno dos Destemperados de Zero Hora e me deparei com estranhas misturas, tipo batida de melancia com banana e outras misturebas ainda não experimentadas pelo comando que vos escreve. Até porque eu teria que ter em casa, se não uma Ceasa, pelo menos uma tendinha de frutas. E, pior, teria que lavar o processador depois. É contra minha religião lavar louças e afins, muito lavei durante as férias que passei quando criança na casa do meu tio Sireno Selbach, em São Vendelino (RS).
O que me ocorreu é que as batidas – que os paulistas chamam ou chamavam de vitaminas – saíram da ortodoxia, como banana ou abacate com leite entre outras, deram lugar aos sucos e agora cruza de tudo quanto é fruta. É uma metáfora perfeita para o que que vivemos. A humanidade quer tudo ao mesmo tempo, viver ao máximo, sobrepor prazeres, comer pratos exóticos ou com temperos esdrúxulos. Observem a quantidade de molhos e tipos de carne que os americanos botam nos seus hambúrgueres ou carnes. Massa aos quatro queijos já foi um sinal do Armagedon chegando. Fica uma suruba queijeira, um queijo anula o outro.
Quando li, há coisa de 15 anos, uma receita de pastel de pinhão com bergamota, conclui que este prato foi o divisor de águas da Idade da Razão para a Idade da Loucura. Estragaram o pastel, o queijo e a bergamota.