Sexo mudo

1 fev • A Vida como ela foiNenhum comentário em Sexo mudo

Na Montenegro dos anos 1950, havia um funcionário do posto Texaco, que hoje chamamos de frentista, que esculhambava as sessões de cinema. Não que ele revelasse o fim, embora tenha feito essa maldade por algum tempo nas sessões do Cine Goio-En. Era outra a sacanagem. Não esqueçam que vivíamos tempos simplórios, até piada daquele tempo era pudica. O diabo é que esqueci o nome do cara. Olha que é difícil a memória antiga me decepcionar, mas este me abateu.

Seja como for, o velhote magrinho e de baixa estatura exibia outra técnica. Gritava alertas para o mocinho tipo “Cuidado, o bandido está atrás da porta” e coisas assim. Mas era nos dramas, sem bangue-bangue nem polícia, que ele se esmerava. Naqueles tempos os filmes se dividiam entre bangue-bangue ou faroeste, filme de amor, musicais e comédia. Eu sempre achei engraçado esse “filme de amor”.

Pois era nesses que o…o…um dia lembro do nome, que o velhote exercitava sua criatividade. Antes de um beijo ele beijava as costas da mão de forma bem audível. Suspiros, ele os amplificava, assim como os ais! Só faltava chorar alto.

Um dia me contaram que ele imitava outros sons emitidos por um homem e uma mulher. Mas era reservado para as sessões que começavam à meia-noite e só para homens, com propaganda boca-a-boca, filmes pornôs do tempo do cinema mudo. A gente mais ria do que propriamente se excitava. Depois do fim da sessão pornô, muita gente começava outra sessão na zona da cidade.

 Essa ao vivo e a cores.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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