Tá errado, mas tá certo
É fascinante como o povão capta o sentido de algumas palavras mesmo errando feio na pronúncia. Sou um apaixonado pelo tema. Já contei aqui o caso de uma doméstica de estância do Alegrete que falava “letras de cãibra”, porque certa vez ouviu seu patrão falar que investia em Letras de Câmbio, aplicação financeira comum nos anos 1960.
Agora, vem outra preciosidade de outra cidade da Fronteira Oeste. É relativamente comum o pessoal do campo falar na “veia artéria”, mas eis que surge um upgrade gaudério. Leitora conta que ouviu falar no que deve ser uma nova descoberta em anatomia no campo da angiologia: a veia lautéria. Nos antigamentes, Lautéria era prenome entre as mulheres. Tem até a versão masculina lá pras bandas da Fronteira, o Lautério.
De outra feita, ouvi um relato de que um eletricista deixou uma “foto cela” sobressalente. Como dizia um vereador de cidade do Vale do Caí quando riam do seu português, “Oceis entenderam, não entenderam?”
Não sei se já contaste do “imprótico” do Pacheco ou do “psicodélico” do José Kerche, ambos acontecidos nas estâncias do Alegrete Grande…