Sangue e dinheiro
As editorias de economia, com espaço físico demarcado e com fartura de colunistas como a conhecemos hoje não existiam até o final dos anos 1960, o noticiário era dispersas ao longo das edições. Tudo mudou quando vieram as restrições e/ou censura a partir de 1968, especialmente, o que gerou um problema editorial. Assim como a natureza abomina o vácuo, os diários tinham que preencher este espaço, então vieram as notícias de economia, e vieram para ficar.
Dow Jones, commodities, derivativos, base monetária, dívida fiscal, dívida pública, ninguém sabia que bichos eram esses, salvo poucos iluminados. E parte deles viu nesta especialização uma forma de ganhar dinheiro fora da profissão. Jorge Paulo Lehmann, dono da Inbev e outras bev da vida trabalhou no JB; os gaúchos José Antônio Carchedi e Péricles Druck trabalharam no Correio do Povo e, com isso, fizeram base para a formação de grandes empresas.
Então houve outra redução, redução que agora tomou anabolizante e volta ao pódio. O noticiário policial, farto até os anos anos 1970, não era mais a galinha dos ovos de ouro das edições. Alguns jornais até fizeram uma força danada para minimizar o noticiário policial para mudar sua imagem. Mudou. Bandidos e mocinhos passaram novamente a ocupar espaço nobre na mídia em geral. Aponte um só dia em que crimes não sejam pelo menos uma chamada de capa. Evidentemente, que eles aumentaram em gênero, número e grau, o que explica em parte.
Mas começa-se a notar rejeição para este tipo de cobertura. Tem quem passe por cima para não estragar o dia, tem um bocado de gente achando que é demais o espaço, e que, principalmente, a TV exagera na cobertura e nos programas sensacionalistas, o povão adora sangue. Panem et circenses, no fim das contas. No passado, dizia-se de certos jornais “torce e sai sangue”.
Voltamos aos velhos tempos, com um acréscimo: torce e sai sangue – e dinheiro.