Rio/Lima

9 jun • ArtigosNenhum comentário em Rio/Lima

Num dos jornais chegados na minha ausência, leio de Rafael Galdo sobre uma viagem de 6.000Kms. Penso eu que é a mais longa que se conhece não é o maior itinerário do mundo.  Por que estradas se interligam, tornando a quilometragem infinita, mas esta é a maior (que se saiba), Com o mesmo ônibus, o mesmo percurso e os mesmos passageiros.

Não falo de passageiros que como o peruano Hilario para quem o trabalho em SP, deixou de compensar. Falo sobre os que se empenham em grandes jornadas.

*Já fui um deles ainda no início da década de 70, embarquei num trem em Londres como destino a Katmandu o trem foi só o início. O sonho da época Hippye, com uma diferença: não tinha data para chegar, nem paradas previstas, tudo no sabor ao acaso e Katmandu não foi o fim. Um ano depois eu chegava em Darwing no norte da Austrália …E sem um tostão.

A viagem do Atlântico no Pacifico mostra que as épocas passam, já tivemos a fase dos Hippyes, do Flower Power…etc, etc.

Mas os sonhos continuam os mesmos. Sair “sem lenço e sem documentos” pelo sonho de ir….Onde? Só o destino dirá e, na bagagem um viajante costuma carregar mais do que objetos do dia-a-dia, mas também sonhos, saudade, desejo de aventura e algumas frustrações, e nesta são 6.035 kms do Atlântico as águas do Pacífico.

O percurso é operado desde janeiro pela companhia peruana Ormeῇo ao custo de 800 reais e 120 horas. E os passageiros quase sempre tem grandes motivações para o fim da jornada. Família, filhos e noivas.

Outras porém são as viagens de 46 passageiros, cheios de esperanças e ilusões. Como esta do espanhol que dava a volta no planeta numa pesquisa sobre “políticas Genericas” e aventureiros como a Hawaiana Angelká James que ia rumo a Machu-Pichu. As paradas para refeições e retomadas começaram a mesclar os passageiros e entre eles estava um Ucraniano já falando um pouco de Português Eugenio Servei e um conterrâneo, vinham de perto da fronteira com a Rússia para…dar um tempo longe da guerra. As vezes havia paradas para o café da manhã, as vezes não. Assim como a água no banheiro. Os mais atentos viam que haviam outros passageiros: Baratas. De pista irregular e buracos. Ele fala pouco, mas na Amazônia havia também duchas a R$ 3,00 e viam um frequente sobe e desce de prostitutas nos caminhões na beira de estrada.  Numa noite a última a voltar foi Angelká. Ela havia demorado mas por outra razão, foi mais longe para comprar desinfetante e material de limpeza para os banheiros. O veículo foi o mesmo para toda a viagem. As baratas não sabemos. No Rio Madeira, divisa com o Acre na BR 364. A ponte está prevista desde 2010, o início do projeto foi em 2014, fala o Rafael Galdo que as estradas lembram pistas de Rallye. Na fronteira ninguém tem malas revisadas, nem o passageiro que levava 20 celulares usados comprados em SP, nem os seis Sul-africanos com passaporte, Sul-africano que não falavam inglês e tinham traços asiáticos. A travessia dos Andes levou quase um dia. Foram a 4.700m de altitude com o mal-estar geral, chupando pastilhas ou cheirando as folhas de cebolinha, o mal-estar só diminui perto de Cusco, sinal que Lima estava por perto, Ou mais perto.

Continua…

Flávio Del Mese

Flávio Del Mese nasceu em Caxias, mas tem quase certeza que sua cegonha passou a baixa altura e foi abatida. Isso frequentemente acontece com quem voa por lá, sejam sabiás, tucanos, corujas ou bentevis, mas não tem queixas. Foi bem recebido tanto na infância quanto na juventude, assim como em Porto Alegre, onde chegou uns 15 anos depois, já sem cegonha e a cidade o embala com carinho até hoje. E ele sabe do que fala, pois conhece 80% dos países do globo. Na Europa só não esteve na Albânia, da América só não conhece a Venezuela (prevendo quem sabe, que do jeito que vamos, em breve seremos uma Venezuela). Na Ásia, não passou pela Coréia do Norte e pelo Butão, mas à China foi 6 vezes e também 6 vezes esteve na Índia, sendo que uma delas deu a volta no país de trem, num vagão indiano, onde o até hoje, seu amigo Ashley, tinha uma licença para engatar o seu vagão atrás das composições cujos trilhos tivessem a mesma bitola. Sua incrível trajetória de vida é marcada por uma sucessão de acasos que fizeram do antigo piloto da equipe oficial VEMAG (vencedor de 5 edições de Doze Horas), em um dos fotógrafos mais internacionais do Brasil. Tem um acervo de 100 mil fotos- boa parte delas mostradas nos 49 audiovisuais de países que produziu e mostrou no Studio durante 20 anos e que são a principal vitrine do seu trabalho (inclusive o da volta na Índia de trem). Hoje dedica-se a redação e atualização dos Blogs Viajando por viajar e Puxadinho do Del Mese com postagens sete dias por semana.
Extraído de reportagem:
Ademar Vargas de Freitas
Clóvis Ott
Juarez Fonseca
Marco Ribeiro

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