Revolução a álcool
Houve uma furiosa e divertida troca de postagens no Face durante todo o dia de ontem, aquela mania de esculhambar os veteranos com piadas tão antigas quanto os jornalistas em questão. O dileto confrade José Luiz Prévidi postou uma pergunta, quem foi o coroinha do Padre Chagas, eu ou o jornalista Flávio Dutra. Caro colega na arte de dedilhar, cada um tem seu jeito de beber vinho de missa grátis.
Entre outras conversas paralelas, comentei que, nos tempos pré-computador, especialmente nos anos 1960, nas faculdades usávamos ferramentas de comunicação mais toscas mas mais confiáveis, como mimeógrafo a álcool e a máquina de escrever.
Tínhamos nosso Twitter, o mosquitinho. Tratava-se de disseminar textos curtos para mandar recados sobre dia e hora de passeatas, por exemplo. Colocava-se o máximo de folhas de ofício com papel carbono entre elas na máquina de escrever e escrevia-se um texto um em cima do outro em toda a largura e altura da página tipo “passeio sai às 5 da tarde no local combinado”. Cortava-se com tesoura em quadradinhos e depois era só espalhar no campus.
O e-mail também tinha sua versão. Textos mais longos que ocupavam uma ou mais páginas eram multiplicados às centenas pelos mimeógrafos a álcool, desse de farmácia, e posteriormente distribuídos. Textos políticos, claro. Fazíamos a Revolução com papel carbono e álcool, que tal essa?
Uma coisa vos digo: nunca caía a rede e, mesmo sem energia, dava para tocar o barco. Até era bom, porque no escurinho das salas dava para brincar de papai e mamãe.