Resumo da ópera

5 out • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Resumo da ópera

Campanha curta como coice de porco e mais pobre que rato de igreja. Este é o panorama visto da ponte do pleito cujo primeiro tempo se encerra domingo, salvo para os candidatos às proporcionais. Pobre, porque foi vedada a contribuição de empresas. E os particulares tiveram limites severos.

Avanços e atrasos

Curta porque botaram mais pimenta na moqueca devido à duração exagerada da eleição anterior. Só que ficou curta no primeiro turno e, ao meu ver, longa demais para o segundo. Três semanas é muito tempo. E serão debates em cima de debates com os mesmos assuntos e quase sempre com os mesmos tempos. Porém…

…e sempre tem um

Pelo menos teremos debates de verdade. Sempre insisto, debate com mais de quatro candidatos não é debate, é procissão de intenções nem sempre claras. Com dois gladiadores de ideias na arena do circo máximo, pelo menos dá para ver quem pisca primeiro, quem saca primeiro e quem acerta com mais potência o rim adversário.

O porém do porém

As emissoras de TV precisam parar de regulamentar exageradamente os debates neste segundo turno. Essa história de um minuto para um, dois para a réplica é igual a ventilador de teto, esfria a comida e esquenta o chope. Para isso a televisão usa, ou deveria usar, mediadores com o timing certo. Larga o osso e deixa os caras brigar.

O tucano que sabe nadar

Faz pouco tempo, vi um artigo em que o autor fala no afundamento ou termo parecido do PSDB. Se afundou, voltou à tona. Não na eleição para presidente, por razões que serão analisadas outro dia. Mas para governador, os tucanos vão bem para um náufrago. Tem chances boas em alguns estados. Agora, para as Assembleias e Congresso ainda não se sabe.

Versão gaudéria

O Rio Grande do Sul é um caso à parte. Costumamos dizer que é um estado mais politizado, o que é algo arriscado de se afirmar. Nossa história mostra equívocos monumentais. Mas somos diferentes, verdade. A disputa pelo Palácio Piratini tem um tucano – Eduardo Leite, ex-prefeito de Pelotas – e o governador emedebista José Ivo Sartori, que tenta a reeleição. O Rio Grande do Sul nunca reelegeu um governador.

De irreversível para reversível.

Sartori até vai muito bem. Mas, devido aos desgastes advindos de um Estado falido, tem alta rejeição, ou bem maior que seu oponente. Mas ela já foi maior, o que mais uma vez comprova minha tese, aqui até a rejeição irreversível é reversível. A questão é outra. O PT, a julgar pelas pesquisas, vai mal pra caramba para quem se achava o rei da cocada preta. Há dois aspectos a considerar.

Tiro na estrelinha

Um dos motivos, observado também em escala nacional da metade do país para baixo, é o antipetismo feroz por conta das fraudes e saques nas estatais. A vestal pura também se virava na quadra, e a massa de informações sobre a roubalheira atingiu a estrelinha vermelha bem no meio.

No tempo das diligências

No caso gaúcho, há outro bom motivo. Fiel às tradições de toda a esquerda latino-americana, são sempre os mesmos a dirigir a sigla e a se candidatar. Todos eles são da época da fundação do PT, nos anos 1980. A única novidade foi o ex-prefeito de Canoas, Jairo Jorge, que até humilhado foi pelo cardinalato petista. Tanto que saiu e entrou no PDT, no qual concorre para governador. Não vai bem, é verdade, e também aí se exige uma análise mais profunda.

De volta ao passado

O discurso do PT no Rio Grande do Sul é o mesmo que levou o partido ao Governo do Estado com Olívio Dutra, em 2000. O mesmo lero-lero, a mesma tentativa de destruição em massa, as mesmas e, como sempre, o mesmo vitimismo.

Por fim…

…pesquisa é pesquisa, eleição é eleição. Sempre é bom guardar algumas fichas para ressurreições.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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