Quem influencia quem?

11 mar • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Quem influencia quem?

Aparentemente, a imprensa reflete o pensamento da sociedade. Só aparentemente. Nós estamos carecas de saber que não é bem assim, é mais provável que seja o contrário. Mas a imprensa – em todas as suas plataformas – pode mudar o pensamento da sociedade? Pode influenciá-la, sem dúvida, isso antigamente. Hoje tenho minhas dúvidas. A imprensa clássica perdeu muito da importância que já teve. Já nas redes sociais muda de figura.

A cobra que come seu rabo

O mais correto seria dizer que a sociedade é quem influencia a imprensa, e também a dramaturgia, as novelas de TV. Programas de auditório nem precisa falar. Resultado: a vulgaridade com atores cometendo frases com a profundidade de uma poça d’água. O povo quer vulgaridade? Dê doses cavalares a ele. As redes só produzem novelas depois de exaustivas pesquisas qualitativas sobre temas que de antemão sabem que agradam o telespectador. Ninguém ousa mais, essa é a tristeza do nosso tempo. Quando ousa, é para amplificar o mau gosto.

A nau dos insensatos

As redes sociais estão cheias de pessoas com certezas. Certezas demais, para meu gosto. A juventude sempre achou que sabia tudo mesmo sem saber muita coisa; hoje, ela nem mesmo sabe. País sem leitores e com faculdades cujos professores, em parte, vêm do curso e transformam-se em mestres sem trabalhar um dia só na profissão que escolheram. É a glória. A glória da insensatez. Aí o que você lê? Besteiras e mais besteiras. O brasileiro dito esclarecido nada em um aquário muito pequeno.

Tiro ao alvo

Bolsonaro tem toda a artilharia midiática assestando canhões de grosso calibre. No peito ele tem a clássica imagem de tábua de tiro ao alvo. Alguns projeteis são merecidos, outros não. Se essa artilharia toda estivesse à disposição das classes mais baixas e até de altas veríamos esse concurso de artilheiros mais precisos. Seria preciso não apenas uma pesquisa, mas um rastreamento sequencial ao longo de um bom período.

Chuveiros dourados

Essa minha dúvida vem de uma observação: o povo, o dito povo, não está se comovendo muito com os estilhaços do golden shower do presidente. Muda se a economia piorar ou continuar patinando. O mais importante: se a inflação subir mais que 4%, como acho que vai, e sem reposição de renda. É bom Bolsonaro abrir bem o olho.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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