Por uma polegada
Todas as confeitarias vendem a famosa torta (ou bolo, como queiram) Marta Rocha, todas. As novas gerações não sabem de onde veio o nome ou têm apenas uma vaga ideia que foi batizada com nome de Miss Brasil. O furo é mais embaixo – e mais largo. Martha, com “h”, foi Miss Brasil 1954 e só não ganhou o cetro de Miss Universo porque, alegou-se na época, ela tinha duas polegadas (uma polegada=2,54cm) a mais nas ancas. Para nós, era “violão”.
Anos mais tarde, descobriu-se que foi invencionice de um jornalista carioca, mas o fato é que a notícia falsa se espalhou e até marchinha de Carnaval chamada Duas Polegadas pegou no país inteiro. Alguns anos mais tarde, surgiu a torta com seu nome. Teria sido batizada por doceira de Curitiba, outras fontes dizem que é invenção gaúcha. Sirvam nossas façanhas de modelo blá blá blá.
Interessante é que ancas largas são sinônimo de fertilidade para muitos povos, caso dos árabes, que ainda “aumentam” a largura com o visual da dança do ventre. Fato é que essa torta tem várias camadas de recheio, talvez alusão às polegadas a mais. A cafeteria A Brasileira, na rua Uruguai, Centro de Porto Alegre, serve uma Marta Rocha espetacular. Assino em cartório, se preciso for.
O vice-campeonato no Miss Universo tornou-a celebridade nacional, referência de beleza. Era, de fato, muito bonita: olhos azuis, cabelos loiros curtos e cacheados, traços fortes. E baiana.
Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.
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