O espanta-cliente
O facilitador da Mercur, Breno Renato Strüssmann, fala hoje no Bom-Dia Associado da Associação Comercial de Porto Alegre sobre a revolução feita pela poderosa empresa de Santa Cruz do Sul, que produz material de escritório e artigos de borracha escolares. Entre outras mudanças radicais, os diretores não são complicadores, mas facilitadores, e o horário de expediente foi reduzido, sonho de todo empregado.
Sabemos que o Vale do Silício fez muito mais neste sentido. E há mais tempo, mas, em se tratando de empresa gaúcha, é mesmo uma revolução. No Bradesco de anos atrás, os diretores não tinham salas, era uma escrivaninha perto da outra, sistema adotado pelos bancos ingleses ainda no século XIX. A lenda diz que os ingleses usavam esse sistema para um poder observar o outro, dificultando sacanagens contábeis.
Quando fui assessor de gerência de um banco que não existe mais, o Província, sempre questionei como o meu e outros bancos dificultavam a vida dos clientes. Para chegar ao gerente-geral, tinha que passar primeiro pelos boys, depois por mim, depois pelos gerentes-adjuntos e, se fosse ao caso, adentrava o templo sagrado, a sala de sua majestade. Nunca me deram ouvidos. Isso não é facilitar o negócio de um banco, que, repetia, é emprestar dinheiro para ganhar mais dinheiro.
Foi quando começaram a chegar em Porto Alegre os bancos mineiros e paulistas. Para encurtar o causo, ao contrário do layout gaúcho, o gerente se postava já na porta de entrada da agência para atender aos visitantes sem aquela liturgia toda. Resultou que eles aumentaram violentamente a captação de recursos.
E nós, com aquela coisa de saldo médio, ficha limpíssima etc.