PINTOU UM CLIMA

26 jul • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em PINTOU UM CLIMA

Ao analisar o quanto um clima gerado pela crise econômica influencia a confiança do homem comum, Clóvis Tramontina contou um episódio acontecido em 2008, quando o banco Lehman Brothers foi para o espaço e gerou uma crise mundial. Ele estava dando uma palestra no Interior quando soube de um cidadão que tinha ouvido à noite falar na quebra do banco americano. De manhã, ele chamou a mulher para dar um recado: “Temos que tirar nosso dinheiro da Caixa”.

E PINTOU GERAL

Ora, a Caixa não tinha nada a ver com a bronca e nem o cidadão desconfiou dela pessoa jurídica. Ele estava desconfiando de todo o sistema bancário. No caso da crise brasileira, dá-se o mesmo. O sujeito até pode querer consumir, mas diante das ondas negativas, ele não só pisa no freio como ainda aciona o freio de mão.

SANTO DE CASA…

Giovana_RSHá dias publiquei no Jornal do Comércio nota sobre a pesquisa de estudante Giovana Berti Mantovani que combate os efeitos colaterais da quimioterapia através do princípio ativo de um detergente que usa breu branco.

A menina tem 18 anos e estuda na Fundação Técnica Liberato Salzao Vieira da Cunha de Novo Hamburgo (RS). A orientação do trabalho é a Professora Carla Kereski Ruschel.

…NÃO FAZ MILAGRES

Giovana_BRPois bem. A guria representou o Brasil na China Adolescents Science & Technology Innovation Contest (Castic 2019), conquistando o 3º lugar na categoria projetos internacionais.

E olha que lá foram representantes de 56 países, ou seja, não é concursinho de esquina. Escrevi que a comunidade médico-científica deveria se interessar pelo assunto. Até agora nada.

A China sim. Precisa dizer alguma coisa?

FARSUL EM CAMPO

O Sistema Farsul iniciou um novo ciclo de interiorização. Com a proposta de estreitar ainda mais a relação com os Sindicatos Rurais, o “Sistema Farsul em Campo” irá realizar reuniões em todas as regionais da Federação apresentando o trabalho da Farsul, Senar-RS e Casa Rural e ouvindo sindicatos e produtores sobre questões que envolvam a região.

O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, abriu os dois encontros destacando qual o objetivo do sistema sindical, “estamos aqui para servir e não para sermos servidos”, afirmou. Ele explicou que o processo de interiorização significa levar o Sistema Farsul ao seu lugar de origem “A ideia de vir ao interior é porque viemos do interior. Fui produtor a vida inteira, agora que me tiraram da fazenda”, comentou.

À PROCURA DOS CHEIROS PERDIDOS

As lembranças da infância e adolescência, em especial os cheiros da colônia alemã, fizeram um bom sucesso. Muita gente adicionou suas histórias – e cheiros – pessoais. Horst Eduardo Knak lembrou de outros que povoaram suas narinas, o espiral mata-mosquito Boa Noite queimando, o odor forte dos cavalos, bosta seca (e molhada, acrescento eu) entre outros. Por isso entendi o ex-presidente João Baptista Figueiredo quando ele disse que preferia cheiro de cavalo.

Cheiro puxa cheiro e acrescento mais alguns. Não sei como pude esquecer os cheiros dos moranguinhos recém colhidos, cortados e servidos com açúcar por cima, isso quando precisasse. Cheiro da sangria ou sangari no dialeto alemão, água com vinho e açúcar. Cheiro de alfafa sendo prensada em fardos para alimentar os cavalos do Exército, cheiro de figada e goiabada fervendo no tacho, e de palha de milho e outras forragens no paiol. O paiol do meu tio era meu pequeno paraíso, o slogan de São Vendelino, onde nasci, ainda mais com chuva batendo no telhado de zinco.

SONS E RUÍDOS

Mas também há lugar para a memória auditiva dos tempos de infância e adolescência. O mugir de uma vaca triste e o relinchar de um cavalo alegre; o som murmurante das águas do arroio no leito pedregoso; o ranger das rodas da carreta de bois em que eu pegava carona, os sons da noite, em especial grilos e sapos coaxando – eu amo esses dois – latido de cão à distância, o som do machado rachando lenha, numa tarde absolutamente silenciosa.

O chiado do rádio Mende quanto sintonizado na Rádio Nacional do Rio de Janeiro para ouvir as histórias do detetive Anjo, a abertura da ópera O Guarany, de Carlos Gomes na Voz do Brasil, o crepitar da lenha pegando fogo no fogão a lenha, a voz de taquara rachada de um tio conversando com meu pai, o uivo do vento em noites de gelado inverno assoviando nas árvores e acordando todos os meus fantasmas.

Meninos, eu ouvi.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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