Paravrão terceirizado
O presidente Bolsonaro usa frequentemente palavrões para externar sua contrariedade, como ontem, tipo de linguagem que só se usa no particular. A imprensa sempre foi pudica nesse assunto, mas com Bolsonaro passou a reproduzi-los também para manifestar indignação. Lembra o jornal alternativo O Pasquim, que criou expressões hoje correntes, como sifu, paca, orra e outras.
BUMBUM, VULGO BUNDA
Não deixa de ser divertido observar essa mudança de cultura. Jornal só publica palavrão terceirizado. Até mesmo “bunda” é usada com algum sofrimento vernacular pelas editoria. No rádio é mais comum, porque as palavras entram por um ouvido e saem pelo outro, não ficam para sempre como no impresso. Na TV também é raro. Há anos criaram alternativas, como o francês “derrière”, e o máximo do me engana que eu gosto, o bumbum.
O mais engraçado é que os veículos impressos reproduzem os palavrões de Bolsonaro embebidos no molho da indignação. Segundos depois, nós jornalistas usamos as mesmas expressões para colegas, amigos e até para familiares.
AI MEU JESUS CRISTINHO!
Há dias publiquei nota estranhando que não houve a temida explosão de casos no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre em particular. Esperei mais que os 15 dias de incubação do coronavírus, portanto. Dois dias depois, o jornal Zero Hora publicou ampla matéria em que especialistas explicaram que o motivo foi a menor mobilidade.
Cáspite! Nunca fomos tão móveis. Desde novembro, bares, restaurantes, lojas, ônibus lotados, fluxo de veículos, tudo a milhão e os doutores me vêm com essa?
Conversei com dois médicos do primeiro time, e ambos usaram a mesma expressão quando expus o fato: “É, é realmente estranho”. A questão agora é a nova cepa, a Manaus, se com ela começa tudo de novo. Posso estar errado, mas estou quase convicto que lockdown só piora as coisas.
ME TIRA O TUBO!
Os hospitais de Manaus foram autorizados a remover das UTIs pacientes com outras doenças para outros estados, para dar mais espaço para os que têm Covid-19. Sabem o que eles fizeram? Exatamente o contrário.
Exportaram a cepa Manaus para o Brasil. Aí se começa a entender porque as coisas dão errado.