Paravrão terceirizado

1 fev • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Paravrão terceirizado

O presidente Bolsonaro usa frequentemente palavrões para externar sua contrariedade, como ontem, tipo de linguagem que só se usa no particular. A imprensa sempre foi pudica nesse assunto, mas com Bolsonaro passou a reproduzi-los também para manifestar indignação. Lembra o jornal alternativo O Pasquim, que criou expressões hoje correntes, como sifu, paca, orra e outras.

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BUMBUM, VULGO BUNDA

Não deixa de ser divertido observar essa mudança de cultura. Jornal só publica palavrão terceirizado. Até mesmo “bunda” é usada com algum sofrimento vernacular pelas editoria. No rádio é mais comum, porque as palavras entram por um ouvido e saem pelo outro, não ficam para sempre como no impresso. Na TV também é raro. Há anos criaram alternativas, como o francês “derrière”, e o máximo do me engana que eu gosto, o bumbum.

O mais engraçado é que os veículos impressos reproduzem os palavrões de Bolsonaro embebidos no molho da indignação. Segundos depois, nós jornalistas usamos as mesmas expressões para colegas, amigos e até para familiares.

AI MEU JESUS CRISTINHO!

Há dias publiquei nota estranhando que não houve a temida explosão de casos no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre em particular. Esperei mais que os 15 dias de incubação do coronavírus, portanto. Dois dias depois, o jornal Zero Hora publicou ampla matéria em que especialistas explicaram que o motivo foi a  menor mobilidade.

Cáspite! Nunca fomos tão móveis. Desde novembro,  bares, restaurantes, lojas, ônibus lotados, fluxo de veículos,  tudo a milhão e os doutores me vêm com essa?

Conversei com dois médicos do primeiro time, e ambos usaram a mesma expressão quando expus o fato: “É, é realmente estranho”. A questão agora é a nova cepa, a Manaus, se com ela começa tudo de novo. Posso estar errado,  mas estou quase convicto que lockdown só piora as coisas.

ME TIRA O TUBO!

Os hospitais de Manaus foram autorizados a remover das UTIs pacientes com outras doenças para outros estados, para dar mais espaço para os que têm Covid-19. Sabem o que eles fizeram? Exatamente o contrário.

Exportaram a cepa Manaus para o Brasil. Aí se começa a entender porque as coisas dão errado.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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