Papo de cozinha

25 ago • A Vida como ela foiNenhum comentário em Papo de cozinha

O fogão estava aceso, as panelas de prontidão. Um a um começaram a entrar os convidados. Quem primeiro assomou à porta foi Ris Oto, seguido do russo Strogo Nofe. Na esteira, entraram o Talha Rim, Sand Uíche, Sal Sichão, Hamb Urguer, Pica Dinho, Guisa Dinho, Pol Enta, Gal Eto, Ome Lete. Pica Dinho era o mais aflito.

– Onde estão os palitos, alguém viu meus palitos? Sem eles não sou nada!

Strogo Nofe zombou dele.

– Tu nem comida de verdade é, cara. No máximo, és como teu primo Tira Gosto.

Foi a vez de Guisa Dinho entrar no papo.

– Para com essas frescuras, Nofe. Nada mais és que um metido a besta, um falso aristocrata.

Hamb Burguer, que estava procurando seu pão, defendeu Strogo Nofe.

– Guisa Dinho, tu não é nada. Um monte de tu sou eu.

– Humpf! Carne vermelha. Em matéria de saúde sou mais eu – falou Gal Eto. – Eu sou…

-…um monte de hormônio sem pena. A melhor coisa tua, tu bota fora, que é o ovo – atalhou Talha Rim.

– É, mas quando eu me junto contigo ficas mais gostoso…- ironizou Gal Eto. – Pelo menos é o que todos dizem, seu promíscuo…

Do alto das suas três camadas, Sand Uíche entrou de sola.

– Comida por comida, eu sou a mais apreciada e a mais conhecida. E em todo mundo.

Viu? – berrou Ome Lete. – Nem identidade tens! Uma hora tu és aberto, outra hora, fechado. E tem mais: se tirarem de cima de ti o ovo de codorna, a cenoura, o pepino e o tomate não és mais nada se não uma fatia de pão. Sai, Sand Uíche de picles!

Sand Uíche ficou acabrunhado. Foi consolado por Sal Sichão.

– Não fica triste, esses caras têm é inveja da tua universalidade.

– Sal Sichão! – gritou Pol Enta. – Tu sem espeto não é nada, precisas dessa muleta para aparecer!

Guisa Dinho tomou as dores de Sal Sichão.

– Baixa esse teu nariz empinado, Pol Enta. – Logo quem falando! Sem Gal Eto és zero.

– Vai atrás disso, Guisa Dinho. Tu és comida de pobre!

Doeu.

– E por acaso aqui tem alguém que é comida de rico como eu? – berrou Hamb Burguer. – Sou apreciado do barraco até restaurantes chiques. Um primo meu chega a custar mais de mil dólares, ouviram periferia?

– Mais que eu duvido – redarguiu Ome Lete. Em Nova Iorque tem restaurantes especializado em mim, com dezenas de variações.

Strogo Nofe interrompeu energicamente a discussão.

– Calada! Quietos todos porque estou ouvindo os passos do Chef 1 e do Chef 2, eles é que vão escolher quem de nós é o melhor.

Fez-se silêncio total na cozinha. Os dois Chefs olharam a bancada e apagaram os fogões. O Chef 1 tomou a palavra.

– O que achas de pedir uma pizza pela tele-entrega?

– Boa ideia – entusiasmou-se o outro.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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