Papagaios de pirata…

28 nov • Caso do Dia, NotasNenhum comentário em Papagaios de pirata…

Todos conhecem a figura. Cada foto com autoridades, artistas e figuras proeminentes chegando ou saindo tem a adorná-los pessoas que não têm nada a ver com o a samba. Espicham o pescoço, forçam, empurram os outros para ficar do lado ou atrás do centro das atenções. Tenho notado, ao longo das décadas, que eles preferem ficar logo atrás, a não ser que sejam baixinhos, então a saída é a lateral.

…E O PAPI

Imaginei num momento de desvario com lampejos alucinatórios que este tipo de psitacídeo existe em número tão grande que eles bem que poderiam fundar um partido, quem sabe o PPPi – o “i” seria para não confundir com parceria público-privada, as famosas PPP. Ou, quem sabe o PAPI, que tal? Mas como falei, bobagem minha. Quem seriam os papagaios de pirata de um partido formado por papagaios de pirata?

LOUVADO SEJA QUEM SALVA VIDAS

O jornalista Carlos Brickmann, que escreve para o Estadão e mantém seu blog Chumbo Gordo, contou um episódio acontecido nos anos 1970, que nunca tinha sido revelado antes. Vale a pena ler:

O notável pastor anglicano John Donne escreveu num belo poema, há quase 500 anos, esta frase: “Quando morre um homem, morremos todos, pois somos parte da humanidade”. O Talmud, milenar livro judaico em que se discute a religião, diz: “Quem salva uma vida, salva a Humanidade”.

E aqui contamos uma história sobre como pessoas hoje falecidas se arriscaram para salvar vidas. Uma história que só poderia ser narrada após a morte dos protagonistas – o último, o rabino Henry Sobel, faleceu há dias.

Lá pelos anos 70, o advogado Idel Aronis chamou Henrique Veltman, jornalista de brilhante carreira, para uma conversa. Tinha sido montado um esquema de resgate de judeus argentinos e uruguaios, montoneros e tupamaros, presos em bases militares argentinas (e cuja vida corria riscos, pois lá as armas mandavam na lei). O esquema envolvia militares e funcionários argentinos legalistas (ou, se preciso, subornados), médicos e enfermeiras americanos, e aviões de Israel ou dos EUA, que levariam os presos resgatados para um dos dois países.

Seria preciso parar no Brasil, para socorros médicos e criação de novos documentos. Pousariam em Viracopos (Campinas, SP), com a cobertura do delegado Romeu Tuma, cuja equipe controlava o aeroporto. A operação era dirigida por agentes israelenses e americanos, estes orientados pelo rabino Henry Sobel. A Veltman caberia evitar que o assunto vazasse para a imprensa, o que poria a operação a perder.

O SUCESSO

Quantos voos? Não se sabe. Henrique Veltman acompanhou dois deles. O sucesso foi absoluto: ninguém de fora ficou sabendo, nada vazou para a imprensa, nem no Brasil, nem no Exterior. Firmou-se um pacto de silêncio: a história não seria contada enquanto Henry Sobel, Idel Aronis e Romeu Tuma estivessem vivos. Com a morte do último protagonista, Veltman contou a história dos homens que arriscaram suas vidas para salvar vidas.

CELEBRANDO A VIDA

A maior condecoração do Império Britânico, a Ordem da Jarreteira, antiga de quase 700 anos, tem um lema em francês arcaico: “Honi soit qui mal y pense”, “envergonhe-se aquele que pensar o mal”.

A quem recriminar os heróis que salvaram vidas humanas em risco, sem se preocupar com a ideologia que tivessem, este colunista recomenda: Honi soit qui mal y pense.

MOCHILEIRO DA GALÁXIA

O que é Lei Geral de Proteção de Dados tem a ver com o Mochileiro das Galáxias? Mais do que você imagina. Leia o artigo de Mariana Costa, da Facta Financeira, e me diga depois se não é o “tudo a ver”.

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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