• Marcha no pé

    Publicado por: • 27 fev • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    O tal samba no pé perdeu o sentido há muitos anos, pelo menos no desfile das escolas “de samba” do Rio de Janeiro e das capitais que tentam imitá-lo. A batida é de marcha-rancho, para começar. E por bonitos que sejam os enredos e caros efeitos, o espírito do carnaval deu lugar ao maior espetáculo da terra. Um show, verdade, mas carnaval que eu lembre era outra coisa,

    ADEUS A MOMO

    Digam o nome de uma só marchinha ou samba-enredo que tenha caído no gosto popular? Não me refiro ao povo da Marquês do Sapucaí, mas aquelas melodias assobiáveis com o Brasil inteiro sabendo de cor pelo menos parte da letra ou do refrão.

    OS EMPREENDEDORES

    Um dia alguém ainda vai fazer a contabilidade. Quantas toneladas de drogas são vendidas – melhor, compradas – em média no país, e qual o porcentual de aumento durante o Carnaval.

    BRINCADEIRA DE CRIANÇA

    No primeiro filme Operação França, em 1971, baseado em fatos reais, os detetives Jimmy “Popeye” Doyle e seu parceiro Buddy Russo apreenderam 25 quilos de cocaína pura, que pode ser desdobrada para render 10 vezes mais. Hoje, 25 quilos o tráfico dá para as crianças brincarem em casa. Quilos foram substituídos por toneladas.

    MOTIM A BORDO

    O ministro Sérgio Moro foi ao Ceará e depois tranquilizou o país dizendo na TV que a situação estava sob controle, com outras palavras. Não está. Dois batalhões da PM seguem amotinados.

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    SOB DESCONTROLE

    Moro vacilou. Está tudo sob controle onde, cara pálida? É nestas horas que o Estado tem que mostrar força. O motim dos PMs cearenses, que pode contagiar corporações de outros estados, ou seja, o Estado dentro do Estado. Os americanos têm urticárias só de pensar na hipótese. Por isso que, no episódio de Waco, Texas, em 1978, o FBI entrou com tanques e armamento pesado para pôr fim na aventura maluca do pastor Jim Jones. Mesmo às custas da popularidade do presidente, nunca hesitam nesses casos.

    O SÁBIO

    Warren Buffet, um dos homens mais ricos do mundo, diz que a doença não afetou suas perspectivas econômicas a longo prazo. Seu conselho aos investidores: não comprem nem vendam ações com base nas manchetes dos jornais. É o que sempre digo. Você não pode acreditar em tudo que os jornais dizem.

    CONFIE DESCONFIANDO

    Paulo Francis costumava dizer que até mesmo o expediente de jornal (nome da empresa, razão social, endereços etc) e a data da edição precisam ser conferidos. Peguei o hábito. Um ano depois abri um jornal da Capital e vi que o dia da edição estava errado, era do dia anterior.

    MAS QUE COISA, SEU!

    Como se diz na Fronteira Oeste. Mais uma jogada de altíssimo risco essa do Capitão ao apoiar e depois silenciar sobre a manifestação do dia 15. Apesar desses saltos sem rede, Bolsonaro tem avaliação estável em fevereiro, segundo pesquisa da XP/Ibespe. Ruim e péssimo somam 36%. O que é preciso é uma pergunta sem resposta: se ele fosse mais educado, digamos assim, qual seria o percentual os que definem seu governo e sua figura como regular e bom chegando ao ótimo?

    PENSAMENTO DO DIAS

    Do jeito que a coisa vai, em breve teremos a profissão do personal drug dealer.

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  • Do que deveríamos ter mais medo, do coronavírus que matou 2,7 mil pessoas em três meses ou dos 170 assassinatos no Ceará em três semanas?

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  • Outros Carnavais

    não se faz mais música de carnaval como antigamente

    Publicado por: • 26 fev • Publicado em: A Vida como ela foi

    É alto o número de mulheres que sofrem algum tipo de constrangimento sexual, comportamento que se torna mais agressivo e recorrente durante o Carnaval para aquelas que participam de bloquinhos, desfiles, eventos fechados ou trios-elétricos.  No passado, tivemos a famosa “mão boba”, que vinha a dar na mesma coisa.

    Nos carnavais de décadas anteriores era muito cantada a marchinha Napoleão.

    Napoleão
    Era bom de briga
    Escondia a mão
    Pra coçar a barriga
    Oba oba oba
    Napoleão também tinha mão boba.

    Fosse hoje, Napoleão seria preso, merecidamente. Mas havia outras letras que ensinavam as mulheres a sair da situação, como na A Mão do Alcides:

    Mas a moça que é sabida
    Não vai mais nesse macete
    Quando entra num aperto
    Leva sempre um alfinete

    O forte mesmo do Carnaval das décadas de 1940/1950 eram as letras de duplo sentido, como A Pipa do Vovô:

    A pipa do vovô não sobe mais
    A pipa do vovô não sobe mais
    Apesar de fazer muita força
    O vovô foi passado pra trás!

    Tão sutil quanto uma retroescavadeira.

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  • O país do proíba-se

    Publicado por: • 26 fev • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    O Carnaval brasileiro se tornou um paradoxo. Embora tudo seja permitido, o politicamente correto destronou uma série de marchinhas e sambas cantadas desde a primeira metade do século passado. País estranho este nosso. Falta regulamentação em um sem número de diplomas legais e atividades várias e, ao mesmo tempo, somos os campeões da proibição.

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    CENSURA ORAL

    Quando esteve em uma Feira do Livro de Porto Alegre, o escritor angolano Mia Couto disse que o politicamente correto está tirando a naturalidade das conversas entre as pessoas. O consolo é que tudo que é rigorosamente proibido é ligeiramente permitido, frase esculpida pelo ex-ministro Roberto Campos.

    CAÇA AO TESOURO

    Na segunda-feira de Carnaval, Porto Alegre amanheceu como de hábito nesse feriadão; quase tudo fechado, salvo lojistas teimosos e as lojas McDonald’s. Comer algo que não fosse comida de lanchonete com xis e torradas gordurosos foi como procurar água no deserto.

    TURISMO AÉREO

    Está na hora de contratar helicópteros para depositar turistas em algum bairro mais aprazível que o Centro Histórico de Porto Alegre. Se vierem por via terrestre encontrarão a avenida Castello Branco e sua “vista” para culminar no Centro que piora cada vez mais.

    O SORRISO QUE SE FOI…

    E dizer que em décadas passadas a capital gaúcha já teve como lema Cidade Sorriso. Hoje, na melhor das hipóteses, é a Cidade Sorriso Amarelo.

    … SELVAGERIA QUE VEM

    Os tumultos que marcaram o Carnaval nas ruas da Cidade Baixa mostram, mais uma vez, que as facções que disputam pontos de venda de drogas são os grandes campeões da festa do Rei Momo. Como rei morreu.

    VÃ ESPERANÇA

    Só a revitalização do Cais Mauá pode trazer melhores tempos para toda a área central. Como a Justiça está dando ganho de causa ao Estado, é esperança de cemitério. A ideia de trazer operações avulsas para preencher o vazio exige mais que patriotismo por parte dos empreendedores, exige paciência de perder dinheiro sabe-se lá até quando.

    CALENDÁRIO DO BEM

    eurico salis

    O Instituto do Câncer Infantil já tem à venda o Calendário Impresul 2020. Com fotos do Eurico Salis, o impresso de nome “Origens” mostra as diferentes etnias que formam a identidade do povo rio-grandense. Com caráter beneficente, a 22ª edição terá todo o valor das vendas revertido ao ICI.

    PENSAMENTO DO DIAS

    Os visitantes sempre dão prazer. Se não quando chegam, pelo menos quando partem.

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  • O Brasil tem planos fantásticos para o futuro, mas não sabe o que fazer com o presente.

    • Ricardo Bergamini •