Publicado por: Fernando Albrecht • 27 set • Publicado em: A Vida como ela foi •
Alguém postou um comentário sobre um assunto qualquer e, no final, citou os lobisomens, nem recordo o gancho. Lembrei de um personagem que não só acreditava neles como os caçava. Era um estancieiro de nomeada dos anos 1950, que costumava repetir que tinha um couro de lobisomem estaqueado no galpão da estância lá pras bandas de Cachoeira do Sul.
Não bastasse essa façanha, o bom homem vinha com outra, que já tinha cruzado com eles nas quebradas do mundaréu, geralmente madrugada alta, em noite de lua cheia. Só que eles têm mais medo dos humanos do que nós deles, garantia. Tanto que, certa madrugada, ele se deparou com um deles ao cruzar uma sanga. Ao vê-lo, sacou o Colt 44 com uma bala de prata de sobreaviso no tambor. O lobisomem imediatamente se ajoelhou na frente dele, mãos postas, súplice:
– Não me mate, coronel, não me mate! Eu tenho uma lobismulher e sete lobisominhos para cuidar!
Outro causo famoso dele. Cansado de ver as caturritas devastarem sua lavoura de milho, teve uma ideia grudenta. O bando tinha por hábito pousar numa enorme figueira centenária. O coronel então besuntou os galhos da árvore com cola forte. Pouco depois as caturras pousaram e ficaram coladas nos galhos. Então pegou uma espingarda 12 Rossi e atirou para o alto, com os dois canos. As caturras entraram em pânico Durante muito tempo, lá pras bandas de Santaninha do Carrapato, terra natal do vice-presidente da Pampa, Paulo Sérgio Pinto, o povaréu contava com espanto uma cena inesquecível que tinham assistido: uma figueira nativa enorme sendo arrastada por centenas de caturritas pousadas no galho da árvore. Na versão do coronel, claro.
Se foi bem assim ou mais ou menos assim não vem ao caso. Como diz o alegretense Luiz Odilon, é parecido com aquela bota que trocaram o cano e depois o pé. É a mesma, porém só em espírito.
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