A dívida da favela
Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, comentada pela colunista Rosane de Oliveira de ZH, mostrou um percentual alarmante da população que não acha a democracia lá grandes coisas. E Rosane também alarma. Olhem, não é de hoje que a população confunde alhos com bugalhos. Como a Carta de 1988 só contempla direitos e não deveres, todos se acham no direito de comer, beber, comprar bens e viajar de graça.
Provavelmente, uma boa fatia desse estudo acha que ganhar aumento é democrático e, se não ganhar, a democracia não presta. Lembro sempre de um estudo feito pela PUC Rio, nos anos 1980, nas cinco maiores favelas do Rio de Janeiro. A ideia era ver o que o povo achava de alguns chavões das campanhas eleitorais. Entre elas, a enorme dívida externa brasileira, assunto de dez entre dez políticos.
Claro que todos os pesquisados eram contra a dívida externa. Desconfiados desse súbito entendimento de empréstimos internacionais, os pesquisadores esmiuçaram as respostas e a conclusão foi surpreendente.
Dívida externa, para boa parte dos favelados, era o custo de se comer fora de casa.