• O povo tende a acreditar piamente nas falsas notícias e duvidar das verdadeiras.

    • F. A. •

  • A pneumonia

    Publicado por: • 4 jun • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Não existe nada mais velho do que o jornal de ontem e, no futuro, lembraremos o episódio do nocaute e greve dos caminhoneiros como uma gripe desagradável que se transformou em pneumonia. Agora mesmo, quando estamos convalescendo, o espirro do boato de nova greve nos assusta e já achamos que a doença voltou.

    A maldição da credulidade

    O que não é mais velho do que jornal de ontem é a enorme capacidade de acreditar no mais inverossímil da fajutice em forma de boato, como o espalhado por ex-grevistas e algumas transportadoras, dando conta se uma nova paralisação para ontem e hoje.

    Os crédulos

    Admito que outros povos também tenham essa maldição, esse vírus advindo da falta de informação. Mas aqui é demais porque há um outro componente, o de não ter a mínima ideia de como as coisas funcionam. Isso inclui gente pretensamente bem esclarecida. Descobri que não ao ler os comentários no Face.

    A montagem

    Ora, se é possível criar outra greve em cima dos escombros da primeira poucos dias depois. Estão achando que organizar bloqueios em todo o país é a mesma coisa que montar uma tendinha de pipoca na esquina?

    Todos no  mesmo barco

    Não só a plebe ignara desconhece o mecanismo complexo de movimentos assim. Jornalistas ilustres também. E se amanhã ou depois alguns caminhoneiros isolados forem para as estradas de novo dirão “Eu não falei?”.

    Prova provada

    Face & redes sociais podem fazer campanhas contra notícias falsas até o fim dos tempos, mas elas não desaparecerão. Ao contrário.

    Cartão de arroz

       Milhares de suecos já foram implantados com minúsculos microchips, normalmente inseridos na mão esquerda, o que lhes permitirá a “conveniência” de não mais se atrapalhar com seus cartões de crédito, identificação, chaves. Muitas de suas informações pessoais são armazenadas no chip, que é aproximadamente do tamanho de um pedaço de arroz. O sistema ainda é limitado, mas o microshipings veio para ficar.

    Jornal do Comércio

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  • A cobra do supermercado

    Publicado por: • 4 jun • Publicado em: A Vida como ela foi

       Nos anos 1980, publiquei uma nota no Informe Especial do Jornal Zero Hora alertando contra um boato que grassava, o de que uma cobra havia picado uma criança na gôndola de verduras de um supermercado de Porto Alegre. Não fazia o mínimo sentido, porque a todos  que ligavam eu perguntava se haviam visto o caso.

       Nenhum deles viu, era sempre o amigo do vizinho do porteiro do prédio ao lado da madrinha de uma amiga da tia que ouviu de um amigo que um frentista tinha ouvido de um cliente. Repeti com ênfase, no final da nota, que era fria.

       Ora que. Aí mesmo que a boataria aumentou e se espalhou por todo o Estado. O Real, que era a maior rede de supermercados da época, teve que publicar a pedidos em duas cidades do interior onde tinham lojas, negando o ocorrido. O fascínio do povaréu por histórias fantásticas é imortal.

       Poucos meses depois, aconteceu algo semelhante, que também comentei na página 3 da ZH. Valeu-me ameaça de excomunhão do padre da Igreja Santa Teresinha. Mas essa já é outra história que conto amanhã.

    Imagem: Freepik

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  • A diferença entre a galinha e o político é que o político cacareja e não bota o ovo.

    • Millôr Fernandes •

  • Silêncio ensurdecedor

    Publicado por: • 1 jun • Publicado em: Caso do Dia, Notas

       Gostaria de ser mosquinha de provedor para saber o que a plebe ignara conversou e assuntou sobre a greve e desabastecimento. Os grupos do Wats da classe média são razoavelmente conhecidos, até porque não há consenso. Cada cabeça uma sentença. Mais uma vez, a classe média – ou o que sobrou dela – é a ponta do iceberg; a parte submersa, ou 90%, não se reflete na superfície. O que pensa o cara de salário mínimo, da vila e do subúrbio é um dos mistérios populares.

    No entanto…

       …todo o espectro político enche a boca para dizer que falam em nome do povo. Logo, ele, tão sem voz com baixa potência para ser ouvido. Tudo sempre com um partido se arvorando arauto e porta-voz do povo. Mas, em seguida, a maionese desanda, e o povo é o povo da cúpula partidária e dos cupinchas que volteiam em torno dela.

    É no bolso

       Vai e vem greve e uma verdade sólida permanece: quando a Justiça do Trabalho diz que a greve é ilegal e estipula um valor alto de multa, caso a categoria não volte ao batente em seguida, é nesse detalhe que as paralisações param ou continuam. O TST tinha estipulado multa diária de R$ 500 mil para o sindicato dos petroleiros. Não deram pelota, mas aí entraram na mira da Justiça. O Tribunal aumento o valor da multa diária para R$ 2 milhões. Com essa paulada, e considerando que o imposto sindical caiu, a turma desistiram, como dizia um antigo sindicalista.

    Multa zerada

       A questão é que multas em greves várias, geralmente, são perdoadas depois do acordo com os patrões, incluindo corte do ponto. E é por isso que greve no serviço público tem sobrevivência garantida. O patrão, prefeito, governador ou presidente, costuma perdoar e pagar os dias parados.

       Como dizia o companheiro Lula nos anos 1980, greve sem corte de ponto não é greve, é festa.

    Deu no G1

       Após ter sido cassado pelo TRE em março, o prefeito de Bom Jesus, Frederico Arcari Becker (PP), teve o mandato restabelecido por decisão do Tribunal Superior Eleitoral. As novas eleições marcadas para o próximo domingo (3), porém, foram mantidas, com três candidatos disputando o pleito.

    Como é que é?

       Para o bonde que eu quero entender. O alcaide foi cassado e depois reconduzido, mas mesmo assim vai ter eleição? Ah, mas falta julgar o mérito, isso e aquilo. Por isso que estrangeiro não consegue entender o Brasil e suas leis. Nós não conseguimos, imagina eles.

    Pela metade

       Leis ou portarias pela metade são a nossa especialidade. No auge da greve/locaute, um produtor rural do Interior do RS doou centenas de frangos para quem os quisesse a fim de evitar que morressem de fome ou se canibalizassem. Só que uma Portaria da Anvisa proíbe que empresários doem comida. O espírito do diploma legal certamente é evitar que restos de comida sejam distribuídos. Mas espírito precisa ser claro e explicar bem explicado se vale também para comida viva.

    Perigo na área

       Se um fiscal zeloso quiser aplicar a portaria no distribuidor de frangos, o coitado pode curtir o sol ao quadrado ou dar explicações pelo resto da vida.

    Jornal do Comércio

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