• Ser filósofo não significa escrever, significa viver.

    • Felix Timmermans •

  • Coisa ruim

    Publicado por: • 5 jun • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    O pior não é o número cada vez menor de leitores. E sim: pessoas que leem estão cada vez mais desatentas ao que leem.

     Imagem: Freepik

    As cantadas aéreas

    O Dia do Comissário de Bordo foi festejado em 31 de maio, e poucos lembraram a data. Não para condenar, porque todo santo dia é dedicado para algo ou alguém. Acho que foi o jornal O Dia quem fez uma matéria sobre como as comissárias repelem assédio a bordo e até fora dele. Fizeram outra matéria sobre o assédio que os comissários recebem, e não são poucos.

    Tirando de letra

    Esse pessoal sabe como se livrar das inconveniências de tanto que recebem assédios. Ainda mais porque a maioria é bonita e se veste bem, no caso delas, sempre com maquiagem muito bem-feita. Até a década de 1980, início dos 90, dizia-se aeromoça, e os homens eram comissários. Aeromoça era e ainda é fantasia masculina, muito mais no passado.

    As falsas comissárias

    Lembro que o Jornal da Tarde, de São Paulo, mantinha classificados com recados nada discretos de moças que se ofereciam para favores sexuais, com anúncios encimados pela palavra aeromoça. Evidentemente não eram, mas atraíam a atenção dos garimpeiros do sexo, que procuravam estes classificados.

    A magreza dos classificados

    Um causo leva a outro e me dou conta de que há horas estou por falar na magreza dos anúncios classificados. A internet os vêm matando de morte matada. Quem lembra dos maçudos cadernos classificados dos anos 1970 em diante sabe do que falo. Eram disputados a tapa, especialmente nos finais de semana. No anos 1980, a Zero Hora chegou a ter problemas quando atravessadores chegavam a furtar os classificados antes mesmo da edição propriamente dita.

    Disputa pelos cadernos

    Ocorre que esse tipo de publicidade tinha tal volume de anunciantes que os cadernos tinham que ser impressos antes da edição normal, um dia antes até – como cadernos encartados com matérias atemporais. Lembro que havia até pirataria, com atravessadores comercializando os classificados “por fora”. Como sempre, tudo que é sólido se desmancha no ar.

    Historinha de rua

    Contada pela amiga Carla Santos:

    Mendigo de cerca de 60 anos cruzando por mim na calçada: 

    – Querida, me consegue…

    Fixou o olhar no meu rosto e mudou o tom de voz e a expressão facial: 

    – Ui. Cara de pobre. Vai tomar no…

    Como dizia a vovó, é melhor ouvir isso do que ser surdo.

    O bem feito

    É comum ler postagens ou ouvir comentários de pessoas que fizeram checkup total e reportar que o médico disse que os principais indicadores – triglicerídeos, colesterol bom e ruim, pressão arterial, glicose e outros que parecem os de um garoto. TODOS os esculápios dizem isso quando os exames deram OK. É de largar foguetes, concordo, mas aumenta a autoestima. E faz o examinado dizer que o médico dele é o melhor do mundo para quem quiser ouvir. Mas que é bom ouvir isso, lá isso é.

    Jornal do Comércio

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  • O poço

    Publicado por: • 5 jun • Publicado em: A Vida como ela foi

    Domingo à noite, assisti ao último episódio da série Imagens do Estado Novo, que contou a história do Getúlio Vargas. Na campanha presidencial que tinha o Marechal Eurico Gaspar Dutra e o Brigadeiro Eduardo Gomes como candidatos principais, aconteceu o seguinte.

    Um mês antes da eleição, surgiu um panfleto com uma frase do Brigadeiro que, se fosse hoje, dava cana.

    – Não preciso de votos de marmiteiros.

    Não dava cana, mas foi fatal para suas pretensões. Nas urnas deu o Dutra. A parte triste é que era fake. O Brigadeiro jamais disse aquilo.

    Ainda sobre o Marechal. Os maldosos da Corte diziam que ele tinha uma cara de bunda (gorduchinho, bochechas largas, nariz espremido entre elas). O folclore conta que, certo dia, ele foi inaugurar um poço artesiano e botou a cara para ver o fundo.

    Lá dentro, um operário dava os retoques finais gritou.

    -Não aqui não, pelamordedeus.

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  • O povo tende a acreditar piamente nas falsas notícias e duvidar das verdadeiras.

    • F. A. •

  • A pneumonia

    Publicado por: • 4 jun • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Não existe nada mais velho do que o jornal de ontem e, no futuro, lembraremos o episódio do nocaute e greve dos caminhoneiros como uma gripe desagradável que se transformou em pneumonia. Agora mesmo, quando estamos convalescendo, o espirro do boato de nova greve nos assusta e já achamos que a doença voltou.

    A maldição da credulidade

    O que não é mais velho do que jornal de ontem é a enorme capacidade de acreditar no mais inverossímil da fajutice em forma de boato, como o espalhado por ex-grevistas e algumas transportadoras, dando conta se uma nova paralisação para ontem e hoje.

    Os crédulos

    Admito que outros povos também tenham essa maldição, esse vírus advindo da falta de informação. Mas aqui é demais porque há um outro componente, o de não ter a mínima ideia de como as coisas funcionam. Isso inclui gente pretensamente bem esclarecida. Descobri que não ao ler os comentários no Face.

    A montagem

    Ora, se é possível criar outra greve em cima dos escombros da primeira poucos dias depois. Estão achando que organizar bloqueios em todo o país é a mesma coisa que montar uma tendinha de pipoca na esquina?

    Todos no  mesmo barco

    Não só a plebe ignara desconhece o mecanismo complexo de movimentos assim. Jornalistas ilustres também. E se amanhã ou depois alguns caminhoneiros isolados forem para as estradas de novo dirão “Eu não falei?”.

    Prova provada

    Face & redes sociais podem fazer campanhas contra notícias falsas até o fim dos tempos, mas elas não desaparecerão. Ao contrário.

    Cartão de arroz

       Milhares de suecos já foram implantados com minúsculos microchips, normalmente inseridos na mão esquerda, o que lhes permitirá a “conveniência” de não mais se atrapalhar com seus cartões de crédito, identificação, chaves. Muitas de suas informações pessoais são armazenadas no chip, que é aproximadamente do tamanho de um pedaço de arroz. O sistema ainda é limitado, mas o microshipings veio para ficar.

    Jornal do Comércio

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