• O ventilador do seu Ernesto

    Publicado por: • 4 jul • Publicado em: A Vida como ela foi

    O austríaco Ernesto Moser comandou o restaurante Dona Maria por décadas. Veio para o Brasil vindo de Montevideo, depois que o circo onde trabalhava faliu e ele ficou sem eira nem beira. A Dona Maria era viva e Moser casou-se com a filha dela.

    Seu Ernesto sempre dizia que tinha três nacionalidades: austríaco de nascença, brasileiro por naturalização, e alemão fiadaputa quando algum cliente mal-humorado achava cara a louça – “louça” era a despesa feita em bar ou restaurante.

    Tinha suas implicâncias. Uma delas era com os ventiladores de teto da sua casa. Certa tarde de um calor dos diabos, sentei com ele e o ventilador bem em cima da nossa mesa estava desligado. Ele olhou para mim, apontou o ventilador com o lápis que sempre guardava na orelha e falou.

    – Esquenta o chope e esfria a comida.

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  • Paraíso perdido

    Publicado por: • 3 jul • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    IMG-20180702-WA0000O pai da Matemática, René Descartes, costumava dizer que trocaria tudo o que ele sabia por metade do que não sabia. É um tema recorrente – a prova é esse cartum citando Sócrates. Ambas as abordagens, do filósofo ou do matemático são muito bem postas, mas eis que entra a visão exposta na ilustração. Ocorreu-me que, bem antes deles todos, Eva poderia ter dito o mesmo de Adão. Para azar nosso, desde que se acredite nessa história do paraíso perdido.

    Florestinha no Centro

    A ONG TodaVida conseguirá finalmente implantar uma microfloresta no Centro de Porto Alegre. A informação é da coluna Acerto de Contas assinada pela jornalista Giane Guerra, da Zero Hora. O espaço escolhido fica na área ao lado do Chalé da Praça XV, lindeiro à rua Marcehal Floriano. Parabéns pela iniciativa, dou força e bato palmas.

    Florestinhas no alto

    Há muitos anos, eu falo que Porto Alegre poderia ter outras microflorestas espalhadas não só no Centro, mas também em bairros com muitos prédios. Visto de cima, o Centro de Porto Alegre é horroroso com aquelas coberturas cinzentas e manchadas.

    A má reputação

    Nunca em minha vida poderia ter previsto como o Poder Judiciário caiu na boca do povo da pior maneira possível, como um Poder não confiável para ficar por aqui. O que se fala do Supremo Tribunal Federal é além da imaginação. Expressões e ofensas que há 20 ou 30 anos dariam processo, hoje são solenemente ignoradas. E esse desprestígio traduzido em chacota é muito ruim para o Brasil, é ruim para a sociedade, é ruim para a magistratura, é ruim para os advogados.

    Cáspite!

    Morro e não vejo tudo. A falta de CO2 começa a causar problemas na Europa em meio aos jogos da Copa do Mundo. Uma escassez de dióxido de carbono está afetando o setor de alimentos e bebidas, especialmente as indústrias de carne e de cerveja. Leio no Valor Econômico que até a Coca-Cola decidiu interromper temporariamente a atividade em sua fábrica no Reino Unido.

    Seco de verdade

    O uso do CO2 é bem maior do que se pensa. Até a fabricação de gelo seco fica comprometida, usado pelas indústrias de alimentos para manter refrigerados seus produtos. Também, a 78º C negativos sem o efeito colateral de se transformar em água, é perfeito para a função. Tudo bem, mas faltar CO2 é de lascar.

    A alma do negócio

    Quando se diz que a propaganda é a alma do negócio falta sempre dizer de que propaganda hablas, compadre. O americano Justin Woolverton fazia apelos a redes de supermercado nos Estados Unidos para que não deixassem de colocar à venda seus sorvetes Falo Top com calorias reduzidas. Não tinha grana para fazer publicidade clássica então apelou para as redes sociais. Hoje a empresa vale US$ 7 bilhões. É o mais vendido dos EUA…

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  • Paulo Artur Godoy

    Publicado por: • 3 jul • Publicado em: A Vida como ela foi

    Pois se foi meu amigo Paulo Artur Godoy, 78 anos, por aí. Complicações pelo diabetes. Não posso fugir do lugar comum. Quando morre um contemporâneo, morremos um pouco. Muito, corrigindo. Especialmente quando você chega aos 70 anos. As lembranças, fatos, lugares, bares e restaurantes, amigos comuns que se foram, risos, o tilintar dos copos em noites de boemia, bebidas que não existem mais, balcões e mesas de bares enegrecidos por décadas de eflúvios alcoólicos, de comida, e manchadas pelo passeio dos fantasmas passados que não conhecemos e outros que conhecíamos. Todos eles semivivos. Não fossem, não voariam por aí à procura de uma maneira de voltar à vida.

    O Godoy. Viveu sua época no Rio de Janeiro como gerente da União de Seguros. Fez safáris na África com Sebastião Camargo, o Chinês, fundador da Camargo Correa. Na parede do restaurante Gambrinus, do Mercado Público de Porto Alegre, observa-se uma cabeça de animal empalhada, doação do Paulo Artur. Quando alguém dizia que era um impala, ele bufava.

    – Impala coisa nenhuma! É uma gazela-de-Grant, ouviu bem? Não uma simples gazela, uma gazela-de-grant! – repetia, sublinhado “Grant” como se fosse a Madame Pompadour do Vale do Rift no leste africano. Fazia parte da famosa Mesa Um do Restaurante Dona Maria, na rua José Montaury, do Bar do City Hotel e outros que não existem mais. Isso dói.

    Paulo Artur Godoy agora é um fantasma. Imagino que sobrevoando as mesas do Dona Maria e as bancas do Mercado Público, onde passava os dias nos últimos anos. Se eu passar pelos corredores e sentir alguém me puxar pelo braço terei certeza que é o Godoy.

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  • A boemia na vida é a rotina ao contrário.

    • Raabe Magalhães •

  • Segundo plano

    Publicado por: • 2 jul • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Meio milhão de pessoas deixam a força de trabalho em três meses, salientam boa parte dos jornais. Se no título estivesse escrito 500 mil pessoas o impacto seria menor. Psicologicamente, mas seria. Ficou em segundo plano que o desemprego caiu no geral.

    Exagero na capa

    Dias depois do fim da greve dos caminhoneiros, um jornal gaúcho deu na capa que o preço do combustível tinha subido 5% nos postos. Logo abaixo (no jargão da redação se chama linha de apoio), lia-se que, na média, o aumento fora de 0,46%. Faltou o “até” R$ 5,00 no título. É cada vez maior o número de leitores que reclamam dessas distorções, mas também é cada vez maior o número de leitores que não sabem ler e não se flagram dos detalhes.

    Coerência em falta

    Vivemos tempos diferentes na imprensa escrita, principalmente. Não faz muito, deitaram e rolaram no caso do deputado que se envolveu ou foi chantageado, segundo ele, com dois travestis. O mesmo veículo é campeão em apoiar o universo LGTB. Coerência, onde estás?

    Isso não!

    Mesma coisa com um partido político que excluiu o deputado em questão. Há dois anos, o parlamentar foi incluído na Lava Jato, entretanto, não sobreveio punição nenhuma. Mas envolvimento com travestis, isso não, Deus m’livre credo em cruz! Estranho critério.

    Momento gastronômico

    Azeite extra virgem é aquele em que o teor de acidez deve ser abaixo de 0,5º%. O desejável é 0,1% a 0,2%. Mas não é o único fator que atesta a qualidade do azeite. Se quiserem fazer comparações com humanos fiquem à vontade: o azeito é virgem até o momento que se abre a garrafa, porque exposto ao ar, que é ácido, ainda mais nas cidades, deixa de ser virgem, Quando colocam aquela biqueira, então, nem sabe mais o que é virgem. O azeite imita a vida, quem diria.

    Mudanças

    Nestes tempos de Copa do Mundo, o Face anda meio desmaiado. Poucas postagens. Acho que na Copa anterior ele bombava bem mais. Efeito qualidade da seleção ou é fadiga dos metais?

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