• O epicentro do sabor

    Publicado por: • 12 jul • Publicado em: A Vida como ela foi

    No dia do acidente de Orly, eu trabalhava como um dos produtores da A Grande Noite, um talk show de luxo em cenário idem, comandado pelo publicitário e empresário Ernani Behs. Formidável pessoa. Ia ao ar aos sábados (ao vivo) na TV Difusora de Porto Alegre, comandada por dois amigos já falecidos, Salimen Jr e Walmor Bergesch – a Ordem dos Capuchinhos tinha o controle acionário. Era líder folgada de audiência, a Globo era segundona. A emissora inaugurou um novo formato de telejornal, o Câmera 10. Sim, já fomos pioneiros em muita coisa. Infelizmente, hoje vamos no arrasto.

    Na época, eu também era uma espécie de fact totum na SGB Propaganda, da qual Ernani era diretor. Mas não vim aqui para falar de negócios. O Centro de Porto Alegre – a agência ficava na rua Senhor dos Passos – formigava de gente e bons bar-chopes, bares de hotéis e restaurantes. Um pouco além da rua quedava o bar Hubertu’s, os melhores bolinhos de carne da cidade; um pouco adiante, ao lado das Lojas Renner, um pequeno bar tinha fila de espera para comer as almôndegas. Chamava-se Liliput. O vizinho do outro lado da Renner era a melhor delicatessen que conheci, o Armazém Riograndense com o slogan ”Se não encontrou aqui, não adianta mais procurar”.

    Em frente ao Liliput, o café Haiti virava dia e noite. Quadra e meia adiante, uma singela lanchonete, o Big Ben, produzia as melhores (e maiores) empadas de galinha. Lembro delas até hoje, crocantes, fumegantes.  E isso em apenas duas quadras e meia, nem entrou nas casas um pouco adiante e no resto do Centro.

    É para ver como era Porto Alegre naqueles anos. Foi só um aperitivo.

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  • História com final feliz

    Publicado por: • 12 jul • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Imorrível mesmo é esse veado-catingueiro. Foi atropelado na Rota do Sol, na Serra Gaúcha, ficou preso nas ferragens do carro, que ainda percorreu 20 Km até achar ajuda para retirá-lo, façanha feita por dois amigos, Samuel Germann e Rodrigo Gross, do grupo Trilheiros do Guará. Para resumir o causo, o cervídeo foi tratado pelo Gramadozoo e, depois de estar recuperado, voltou para o local de onde não deveria ter saído, a natureza.

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    Orly, 11 de junho de 1973

    O dia de ontem marcou 45 anos de um acidente que enlutou todo o Brasil. Um Boeing 706 da Varig, que havia partido do Rio de Janeiro rumo a Paris, teve incêndio a bordo, provavelmente tenha começado no banheiro, situação que obrigou o comandante a fazer um pouso forçado perto do aeroporto de Orly, na França. Morreram 123 passageiros, salvaram-se 11, dez deles tripulantes. O único passageiro que se salvou foi o carioca Ricardo Trajano.

    Causa mortis

    O trágico é que não foi o acidente em si que matou toda essa gente, foi a fumaça tóxica gerada pelos materiais sintéticos usados nos assentos e na decoração da cabine dos passageiros. A partir dessa tragédia, todos os fabricantes de aviões e seus componentes mudaram radicalmente seus materiais. É assim na aviação, um erro serve como lição para que nunca mais aconteça. Veja-se o caso dos Estados Unidos, que não registram um acidente fatal com grandes aeronaves comerciais em nove anos.

    Leila, Regina, Agostinho…

    A comoção se deu não só pelo número de mortes, mas porque a bordo estavam pessoas conhecidas e admiradas em todo o País. A atriz Leila Diniz, formosa mulher, foi uma das perdas – ela estava no auge, na flor da idade. Um socialite muito conhecida e admirada também estava a bordo, Regina Leclèry, bem como o cantor romântico Agostinho dos Santos. Naquele tempo, só pessoas abonadas podiam viajar de avião, e ainda mais para o exterior.

    …e o poderoso Filinto

    Outro ilustre passageiro do voo 820 era o temido Chefe de Polícia Política de Getúlio Vargas, Felinto Müller, considerado o homem mais temido do Brasil nos dois governos do presidente. Foi acusado de entregar para a Gestapo a judia alemã Olga Benário, mulher do líder comunista Luiz Carlos Prestes. A suprema ironia é que Filinto não só participou da Coluna Prestes, em 1925, como foi promovido de capitão a major pelo próprio Prestes.

    1973, o ano da mudança

    O cheiro de 1968 ainda estava no ar em todo mundo, mas o Brasil vivia uma situação econômica confortável. O PIB crescia 8,5% e, após o choque do petróleo determinado pela Opep neste mesmo ano, de 1 dólar por barril (153 litros) para 11 dólares, os países produtores de petróleo, árabes especialmente, se forraram de verdinhas. Foi a época dos petrodólares.

    O pepinodólar

    Foi o início da chegada dos petrodólares, repassados para os bancos brasileiros e empresas clientes através da chamada Operação 63, a juros de pai para filho e com até cinco anos de carência. Mas então veio o pepinodólar, causado pela desvalorização brutal da nossa moeda, gentileza do ministro Delfim Netto. A correção cambial elevou as prestações destes empréstimos à altura do Everest. Foi bom enquanto durou.

    O mico I

    Comentário do jornalista Carlos Brickmann (www.chumbogordo.com.br) sobre o caso do habeas de Lula: “Tudo fica por isso mesmo, enquanto todos se insultam como se fossem o Neymar depois de alguma queda. No dia seguinte, o presidente da FIFA decide que foi gol, e o juiz tem razão. O jogo terminou na véspera – e daí? Os deputados envolvidos ficaram no banco, sentados sobre seus fundos”.

    O mico II

    E prossegue Brickmann: “Não é bem assim. No caso de Curitiba, José Dirceu falou antes da hora, achando que tudo estava resolvido. Lula também achava e dizem que já tinha até arrumado as malas. Numa delas, os livros que estava lendo na prisão”.

    Balanço positivo

    Jornadas Pelotas 11.07 (2)De junho a dezembro deste ano, as Jornadas Brasileiras de Relações do Trabalho vão discutir as mudanças promovidas pela nova lei trabalhista por todo o país. No interior do estado, já foram realizadas 14 edições: Caxias do Sul, Lajeado, Santa Maria, Carazinho, Passo Fundo, Erechim, Santa Rosa, Uruguaiana, Cachoeira do Sul, Capão da Canoa, Santa Cruz do Sul, Canoas e Pelotas (foto), esta realizada ontem. Foram mais de três mil lideranças empresariais e da comunidade em geral presentes. Os eventos reuniram ainda mais de 80 instituições do poder público e da sociedade civil, entre elas, 12 universidades.

    Avançar mais

    O coordenador-geral das Jornadas e idealizador da modernização da lei trabalhista, deputado Ronaldo Nogueira, está satisfeito com a repercussão dos eventos e destaca: “É necessário avançarmos nas reformas para melhorar a vida dos trabalhadores. O Brasil vai gerar, em 2018, mais de um milhão de empregos formais”.

     

    Mais empregos

    Já o desembargador e vice-presidente do TRT-RN, Bento Herculano Duarte Neto, garante que nenhum direito do trabalhador foi retirado. Além disso, mais empregos foram gerados: “A nova lei estimula a criação de mais empregos, mas, para que isso aconteça, é necessário que exista desenvolvimento econômico. E agora existe um ambiente favorável a novos investimentos”, argumenta o desembargador.

    Jornadas na Capital

    As Jornadas encerram os eventos no Rio Grande do Sul com a edição de Porto Alegre hoje, 13 de julho. O evento ocorre no Hotel Sheraton, às 12h.

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  • Algumas pessoas nunca aprendem nada porque entendem tudo muito depressa. 

    • Alexander Pope •

  • A sepultura do Ulisses

    Publicado por: • 11 jul • Publicado em: A Vida como ela foi

    Se existe algo que eu sempre me debruço fascinado são os cemitérios esquecidos do interior do Rio Grande do Sul. Sem querer fazer graçola, quanta vida existe neles. Cada sepultura abriga os restos de alguém que viveu, amou, foi feliz e infeliz, teve ou não família e, certamente, não teve uma morte confortável – pelas estatísticas, apenas 16 em 100 não são mergulhadas em dor.

    Por extensão, curto também acidentes geográficos ou monumentos que relatam batalhas ou guerras do passado. Ninguém levanta um monumento à felicidade na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. No Alegrete, lá para os lados da BR-290 rumo a Uruguaiana, existe o Cerro da Sepultura. Só o nome já atrai. Quem me mostrou o local foi um antigo motorista chamado Ulisses, grande contador de causos, alguns até verídicos.

    Para escapar das sangas cheias de um inverno dos anos 1980, o Ulisses me levou por um caminho alternativo. De repente, ele freia o carro e aponta um marco ou algo que lembra um monumento, de tão destroçado que estava. A história comum, alguém que tombou em combate em revoluções sangrentas costumeiras no passado gaúcho. O local tinha fama de mal-assombrado, outra qualidade que me atrai:

    – E tem tesouro enterrado? – perguntei.

    – Tem mesmo, como é que o senhor sabe?

    Falei para o Ulisses que todas as sepulturas isoladas e todos os restos de algum monumento em lugar ermo têm ouro ou joias enterradas por perto. Ou tinham, porque os ouros enterrados já foram desenterrados. O motorista fez uma cara triste.

    – Mas então não tem tesouro no Cerro da Sepultura? Será que não abriram buracos em lugar errado?

    Levantei o vidro da janela porque entrava um Minuano gelado.

    – Talvez sim, talvez não. Mas Ulisses, deixa eu te dizer uma coisa: tesouro é mais fascinante e excitante enterrado do que desenterrado. Por isso que, no passado, mulheres usando véu pareciam mais atraentes do que sem.

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  • Curta o dia

    Fernando Albrecht em foto de João Mattos

    Publicado por: • 11 jul • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Na bicicletinha, que me acompanha na foto acima, o arame forma a expressão Carpe diem, que todos nós sabemos e conhecemos, curta o dia, no popular. Na realidade, é apenas parte e, por questões de economia de arame usadas na sua confecção, não deu para engatar toda a frase, que é “Carpe diem quam minimum credula postero”. “Aproveite o dia e confie o mínimo possível no amanhã”. A frase foi escrita por Horácio Flaco (65 a.C.- 8 a.C.), poeta e filósofo da Roma Antiga.

    Foto: João Mattos 

    Definitiva

    Sempre me pareceu que e expressão latina é uma excelente forma de se viver e sobreviver no Brasil.

    O futebol das arábias

    E se um sheik ou até mesmo um emirado comprasse um time brasileiro, mas comprar mesmo, negócio para gerir sozinho sem cartolagem ou ingerência diretiva de quem quer que seja? Tipo o Paris Saint-Germain, que é de um fundo de investimentos ligado ao governo do Catar. Tenho cristalizado opinião que, no Brasil, não daria certo. Começando pelo princípio, já temos um clube de futebol paulista que é de propriedade da Red Bull.

    Aqui não

    Quando o time entra em campo, e a partida é televisionada, a Rede Globo trata-o como errebê, para não divulgar de graça a marca do energético. Desde criança, aprendi que um negócio é bom quando é bom para os dois. Então, não sei se Red Bull não quis nada com a Globo ou é vice-versa. É uma coisa bem nossa. Fica um cheiro de jequismo no ar.

    Ai dos vencidos

    Nada de novo no front futebolístico. Ai dos vencidos, já disse Júlio César. O Neymar ainda não foi esquecido. Vi a capa de duas revistas, uma argentina e outra não-identificada. Na publicação dos Hermanos o título é Neymal; na outra, ele aparece sentado no gramado coberto de etiquetas de “frágil”. Mas ninguém pegou o pé do Tite, o que não é normal. Não estou pedindo que peguem, apenas constato.

    Zagalo fala

    Não sei quem contou a piadinha, mas achei legal. Perguntaram pro Zagalo se o time dele, de 1958, ganharia da Bélgica. O velho Lobo respondeu: “A gente ganharia de 1 a 0”. O jornalista repicou: “Mas só de 1 a 0?”. E o Zagalo: “Tem que ver que o nosso pessoal já tá com quase 80 anos” (Resgatada pelo jornalista Plinio Nunes).

    Perguntinha

    Eu queria saber dos meus amigos operadores de Direito se o desembargador federal Rogério Favretto não deveria ter se declarado sob suspeição quando entrou o pedido de habeas corpus de Lula. A pergunta tem a ver porque um dos impetrantes, o deputado petista gaúcho Paulo Pimentel, disse para a Folha de S. Paulo que mantém amizade com o magistrado há muitos anos, amizade certamente correspondida. E então?

    Itaipu toca ficha

    A Itaipu Binacional é uma estatal interessante. Não cuidam apenas da geração de energia, investem em preservação de flora e fauna em toda a sua região e até fora dela. Desenvolveram um carro elétrico e estão muito atentos a energias alternativas.

    Boa ideia

    Na energia convencional, Itaipu que estimular o surgimento de projetos de geração distribuída na região Oeste do Paraná, tendo como base o uso de fontes renováveis no conceito microgrids, novo no País. A ideia é criar pequenas redes de energia (microgrid), que possam operar e se sustentar de forma isolada, como backup, em situações de falta da rede de distribuição.

    Perplexidades

    Todo mundo fala “época de vacas magras”. Não interessa se ela é magra, interessa se ela tem leite no ubre, ora bolas. Ou tetas.

    UTI de Canoas já respira…

    Reinaugurada em janeiro deste ano, a UTI Adulta do Hospital Universitário (HU) já recebeu mais de 450 internações. Desativada desde 2015, por falta de investimentos dos antigos gestores, a ala foi completamente reformada e estruturada para receber pacientes. 

    …sem aparelhos

    A reforma possibilitou a abertura de um espaço moderno e equipado, com 12 leitos à disposição dos pacientes. Na reabertura da unidade, o prefeito de Canoas, Luiz Carlos Busato, ressaltou que a UTI do HU pode ser considerada “de primeiro mundo e umas das mais modernas do país”.

    Unanimidade

    O idealizador da reforma trabalhista, o deputado federal e ex-ministro do Trabalho Ronaldo Nogueira, é uma unanimidade entre os empresários. Recentemente, ele foi homenageado em São Paulo pela União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (UNECS), formada por oito das maiores instituições brasileiras representativas da área. Elas são responsáveis por 15% do PIB brasileiro, 65% das operações de crédito e débito no país, e pela geração de 22 milhões de empregos diretos.

    Prestígio

    A edição das Jornadas em Porto Alegre ocorre em 13 de julho, próxima sexta-feira, no hotel Sheraton, no exato dia em que a lei da reforma completa um ano de assinatura. A reunião-almoço já tem as presenças confirmadas do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Ronaldo Fonseca, do prefeito de Porto alegre, Nelson Marchezan, do ministro do TST Aloysio Corrêa da Veiga, e dos presidentes Luiz Carlos Bohn, da Fecomércio, Gedeão Pereira, da Farsul, Gilberto Petry, da Fiergs, Antônio Cesa Longo, da AGAS, Luiz Gonzaga Motta, do Banrisul/ASBANCOS, e de Renê Ferreira de Oliveira, da ADCE Porto Alegre.

    Quebrando paradigmas

    Jornadas Canoas 10.07 (1)Ontem (terça, 10), foi a vez de Canoas receber as Jornadas Brasileiras de Relações do Trabalho. O idealizador da modernização trabalhista, o deputado federal Ronaldo Nogueira, abriu o ciclo de palestras, relembrando a conjuntura do país antes da assinatura da Lei 13.467/2017. “No dia 22 de dezembro de 2016, todas as centrais sindicais estavam no Palácio do Planalto para celebrar um consenso. E eu notei que nós precisávamos avançar e quebrar paradigmas”, contou Nogueira.

    Atualização necessária

    De acordo com o desembargador do TRT-RN Bento Herculano Duarte Neto, há mais de 30 anos já se falava em flexibilização do trabalho. O desembargador lembrou ainda que governos anteriores promoveram mudanças, mas nenhum realizou algo da magnitude da reforma trabalhista liderada por Ronaldo Nogueira. “A nova lei faz uma espécie de atualização do que existia”, completou Duarte Neto.

    Evento lotado

    Cerca de 150 pessoas, entre líderes empresariais e da comunidade em geral, participaram das Jornadas em Canoas. O prefeito do município, Luiz Carlos Busato, também prestigiou o evento. A próxima edição das Jornadas acontece hoje (quarta, 11), na cidade de Pelotas, às 12h, no M. Tower, na Rua Félix da Cunha, 213. Mais informações no site www.ibecnet.com.br.

    Jornal do Comércio

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