• Mutatis mutantis

    Publicado por: • 18 set • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    O notável nas pesquisas eleitorais não são os números em si, mas a capacidade que eles têm em se transformar em outros quando observados. Como na física quântica, as partículas mudam quando observadas. Por exemplo, ninguém pensa em voto útil salvo quando os prováveis vencedores do primeiro turno lhe dão pesadelos.

    Era uma vez…

    É notável a ausência de fatos relevantes na imprensa em geral. Não estamos contando a história como ela é, insisto nessa tecla. Começou há mais anos, quando a imprensa viu escassear as verbas publicitárias devido à redução de tiragem. Isso levou a um efeito perverso. Não só as empresas demitiram em massa como demitiram os mais experientes devido aos salários mais altos. Por favor, “altos” tem que ser entendido de forma relativa.

    Os impérios encolhem

    Então, ao encolhimento se sucedeu o emprego massivo de estagiários e promoção dos novatos. Mais ou menos como colocar no assento da esquerda de um 747 um piloto recém formado, o fiscal de computador. Em períodos como o que estamos atravessando, todo o esforço editorial é focado nas eleições. Antes era na Lava Jato. Causa-efeito, os jornais não estão cobrindo nem a ponta do iceberg da vida real, o que diminui a leitura, que diminui a publicidade.

    Daí que…

    …quando aparece algo novo costumamos dizer que é um fenômeno. Negativo. Fenômeno é um acontecimento ou consequência lógica de algo não detectado a tempo.

    Insisto

    Está na hora de aparecer um fenômeno editorial como foi O Pasquim, na segunda metade dos anos 1960, uma novela como Beto Rockfeler na televisão, e algo de novo afora música nas rádios.

    Duelo mortal

    Do leitor Paulo Sérgio Arisi: O Brasil caminha para duelo de Roleta Russa com duas balas mortais, no segundo turno Bolsonaro e Luladdad. Eles duelam, nós morremos.

    De colega para colega

    Tem coisas no jornalismo sem explicação. Um Andrea Bocelli da vida (tenor, N.R.) responde em três dias o pedido de entrevista, com as respostas traduzidas. Já alguns nomes por aqui – cá entre nós – levam meses para dar um retorno ou nem respondem.

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  • Quem não for belo aos vinte anos, forte aos trinta, esperto aos quarenta e rico aos cinquenta, não pode esperar ser tudo isso depois.

    • Martinho Lutero •

  • Como era revolucionário meu chope  

    Publicado por: • 18 set • Publicado em: A Vida como ela foi

    Uma das (poucas) vantagens de atingir uma certa idade é a falta de conhecimento dos mais novos sobre um passado que eles julgam conhecer. Pior, um passado em que eles fizeram parte, mas não da forma que contam. Na segunda metade dos anos 1960, o pau comia solto nas passeatas estudantis, vocês sabem. A Filosofia da UFRGS reunia vários cursos, alguns nada a ver em princípio, como Matemática, Física, Jornalismo, Letras e Geografia.

    Nos anos 1966 e 1967, participei de várias manifestações. A moda era arrostar os militares e a Brigada Militar na rua. No afã de evitar que os brigadianos esquecem as boas maneiras, grupos como a AP (Ação Popular) gritavam “Polícia também é povo!”. Ao que me lembre, nunca comoveu nenhum deles.

    O centro nervoso era o Centro Acadêmico Franklin Delano Roosevelt. De lá partiam as ordens do alto comando da esquerda, trostquistas, comunistas históricos, neocomunistas (a Dissidência do Partidão) e outros. No curso de Jornalismo, vários dos meus colegas criticavam quem “deixava de estudar” e se prestava a apanhar nas ruas. Hoje, muitos deles tem escrito no peito “como resisti bravamente à ditadura”. Papo furado.

    Certa vez, descobri que gente do Partidão organizou um encontro na boate Encouraçado Butikin, na avenida Independência, antro da elite burguesa de Porto Alegre. Inquiri um deles sobre por que a esquerda se reuniria logo na casa do Ruy Somer, e ouvi dele que era para resistir aos milicos nas “barricadas”.

    – Só se for nas barricadas de chope – respondi.

    Claro que pau pesado não era com eles. Intelectual não dá mole, resguarda-se porque são quadros dirigentes que precisam pensar a Revolução.

    Ou, como certa vez escreveu o cartunista Jaguar (Sérgio Jaguaribe) no O Pasquim, tabloide alternativo: intelectual não luta, intelectual bebe.

    Imagem: Freepik

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  • Os culpados de sempre

    Publicado por: • 17 set • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Algumas coisas que não entenda na mídia. Aliás, muitas. Olhem o texto desta nota:

    Pelo quinto mês consecutivo, o índice de roubo de cargas cai no Rio de Janeiro. Os números do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que, em agosto, foram registradas 673 ocorrências, 20% menos em relação ao mesmo mês do ano passado (843). Entretanto, o número de homicídios por intervenção policial aumentou, no mesmo período, em 150% passando de 70 para 175 registros.

    O país dos coitadinhos

    Da forma como nós da imprensa escrevemos as coisas hoje, dá a ideia de violência policial ou do exagero do uso da força armada. Os assaltantes e outros criminosos foram mortos exatamente por sua condição e não porque a Polícia fica aí dando tiro em qualquer um. Evidentemente que, às vezes, há excessos, mas como exceção. É a política do coitadismo.

    Por falar nisso…

    Este foi o título de um livro escrito na década de 70 pelo jornalista Emil Fahrat. É o que somos. Mais que isso, queremos ser coitadinhos.

    Rua vazia, rua cheia

    Essa moda começou a ganhar músculos a partir dos anos 1970, segunda metade em diante. Como diziam nos protestos, bandido também é gente. E é. Só que gente criminosa. Não estou aqui para fazer louvação ao matraquear das metralhadoras, até porque o combate à criminalidade é algo mais complexo e requer soluções conjuntas, mas era comum se queixar da falta de PM quando se era assaltado e reclamava também quanto via PMs “demais” na rua.

    Tudo como sempre

    Além do mais, os argumentos a serem esgrimidos são outros. Para começar, a legislação branda, o instituto de condicional e largar os mais tenebrosos criminosos após alguns anos de prisão, a falta de presídios e, aí sim, a ausência de uma política nacional de segurança digna desse nome.

    O de sempre

    Os candidatos falam que vão criar essa política, mas os candidatos de eleições anteriores também prometeram o mesmo e nada aconteceu. De boas intenções o inferno está cheio.  Nada que já não saibamos.

    Ficha cadastral

    Ainda não saiu – e não sei se um dia sairá – o perfil socioeconômico dos venezuelanos que foram acolhidos no Brasil. Quantos são profissionais liberais, quais as profissões, quantos têm expertise em serviços e quais seriam eles. E se se dispõem, quando sem canudo, a encarar qualificação a sério. Eu titulei “ficha cadastral”, não “fica policial”, antes que me acusem de preconceito. Afinal, qualquer brasileiro que se candidate a um emprego e até para conseguir crédito na loja da esquina precisa disponibilizar estes dados.

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  • Peixes e visitas cheiram mal depois de três dias.

    • Benjamin Franklin •