• O 7 do 7

    Publicado por: • 1 out • Publicado em: A Vida como ela foi

    Disposto a tentar uma vaga na Câmara de Vereadores de uma pequena cidade do interior, Filisbino teve um sonho premonitório. Sonhou a noite toda com o número sete. Ao acordar, conferiu seu Título de Eleitor e viu que ele votava na 7ª seção eleitoral, e que participara de sete eleições. Mais, o número do título tinha sete no início e no fim, e foi emitido num sete de julho.

    Quando se registrou na Justiça Eleitoral como candidato a vereador, verificou que era o sétimo a tentar a vaga. Aí tem, pensou, é um sinal divino que vou ganhar. Para custear a campanha, vendeu tudo: casa, cavalo, raspou a conta bancária e só não vendeu a mulher porque ninguém queria comprá-la. Para dizer a verdade, nem de graça.

    Quando veio o dia da eleição, dia 7, viu que era o sétimo da fila. Não tem erro, pensou Filisbino, eu sou o cara e estou dentro. No dia seguinte ao pleito, as urnas revelaram que ele fora o sétimo mais votado.

    Só que, para seu azar, a Câmara Municipal trabalhava com seis vereadores.

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  • Temer dixit

    Publicado por: • 30 set • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    O presidente Michel Temer afirmou que não há uma “pessoa imaginária que salvará o País, tem que ter projeto” de governo para conduzir o Brasil, em referência às eleições presidenciais. Concordamos nisso, presidente, mas é precisamente esse o nosso problema. Nós não votamos para presidente, votamos em um Salvador da Pátria, como se fosse um ser divino capaz de eliminar tudo que tem de ruim e implantar tudo que tem de bom em quatro anos. Ou em menos, de preferência. Um ano estaria bom.

    País dos faraós

    Somos um povo que gosta de ser tutelado.  Mesmo depois da cruel ditadura do Estado Novo, Getúlio Vargas passou a ser visto como “o pai dos pobres”, uma obra de propaganda exaustivamente martelada durante anos. Há povos assim, mas que, de certa maneira, vivem bem com isso. O Egito é um deles, vem desde o tempo dos faraós esse gosto pela tutela.

    Lei boa

    Realisticamente falando, o povo brasileiro quer que alguém tome decisões por ele de forma total, que até no dia a dia lhe diga o que deve fazer. As coisas mudam, no entanto. Em boa parte agora se dá o inverso. Se esse ser divino não resolver todas as demandas, fora com ele. Estão falando que, após as eleições, a reforma política deve contemplar o recall. A Venezuela tem esse mecanismo e nem por isso Nicolás Maduro foi afastado. Como disse o fundador da Embraer, Ozires Silva, lei boa é lei velha.

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  • Como as mulheres foram tratadas

    Publicado por: • 29 set • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    O tratamento que compositores da MPB da primeira metade do século passado davam às mulheres era afrontoso. Parecia normal na época, mas hoje daria cadeia. Dois exemplos, com links para as respectivas gravações da época. A primeira é de autoria de Wilson Baptista, de 1941, chama-se Emília, Emília, Emília. Veja aqui.

    Quero uma mulher que saiba lavar e cozinhar
    Que de manhã cedo me acorde na hora de trabalhar
    Só existe uma
    E sem ela eu não vivo em paz

    Emília, Emília, Emília
    Não posso mais
    Eu quero uma mulher que saiba lavar e cozinhar…
    Ninguém sabe igual a ela preparar o meu café

    Não desfazendo das outras,
    Emília é mulher
    Papai do Céu é quem sabe
    a falta que ela me fez

    Emília, Emília, Emília
    Não posso mais

     

    E o que dizer deste samba de Noel Rosa dos anos 1930? Ouça aqui.

    Você vai se quiser
    Você vai se quiser
    Pois a mulher
    Não se deve obrigar a trabalhar

    Mas não vá dizer depois
    Que você não tem vestido
    Que o jantar não dá pra dois
    Todo cargo masculino

    Desde o grande ao pequenino
    Hoje em dia é pra mulher
    E por causa dos palhaços
    Ela esquece que tem braços
    Nem cozinhar ela quer

    Você vai se quiser
    Você vai se quiser

    Pois a mulher
    Não se deve obrigar a trabalhar
    Mas não vá dizer depois
    Que você não tem vestido
    Que o jantar não dá pra dois

    Os direitos são iguais
    Mas até nos tribunais
    A mulher faz o que quer
    Cada qual que cave o seu
    Pois o homem já nasceu
    Dando a costela à mulher

    Jornal do Comércio

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  • Semana de nove dias

    Publicado por: • 28 set • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Detesto a tal “semana decisiva” que os jornais empregam. Ainda mais quando eleição tem segundo turno, o que deve ser o caso. Lá e cá. Se existe uma coisa que aprendi em matéria de eleição, nestes anos-luz de jornalismo, é que segundo turno é outra eleição. Parece óbvio, mas todos ou quase todos não raciocinam assim.

    É outra história

    Mesmo que as pesquisas deem como prováveis os candidatos mais bem situados lá e cá, a lógica que os levará (ou não…) para o segundão não obedece a mesma do primeiro turno. É uma falha de certa forma estimulada pelos institutos, que deixam a impressão de campanha chapada e sem divisória.

    Cartas desmarcadas

    É como embaralhar as cartas de novo. Ao contrário do jogo do bicho, não vale o escrito. Já nem fala de alianças e voto útil, essas coisas nossas, mas da cabeça do eleitor. Mesmo que ele tenha dito – especialmente para ele mesmo – que não mudará de voto. Muda sim. Fidelidade no casamento já é difícil, imagina numa eleição.

    Missão cumprida I

    Foto: Tiago Francisco?DV

    Foto: Tiago Francisco/DV

    O Programa Alfa está encerrando as atividades das turmas de 2018. Mais de 1,7 programa alfa do senar-rsmil alunos participaram do programa do SENAR-RS, que leva alfabetização aos adultos do meio rural.

    Conforme o Superintendente do Senar-RS, Gilmar Tietböhl, dentre os programas sociais da instituição, o Alfa é o de maior destaque. Com 19 anos de existência, o programa já alfabetizou milhares de trabalhadores rurais, preparando-os para participarem dos treinamentos técnicos.

    Missão cumprida II

    As atividades de encerramento irão até o dia 5 de outubro. Os alunos têm participado de diversas programações ligadas ao tema do terceiro módulo do programa, que trata do trabalho cotidiano. No dia 29 de setembro, quatro turmas do Sindicato Rural de Camaquã participarão da Expocamaquã, realizando uma visita à feira e participando de palestras.

    Coisas nossas

    O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) luta para desembaraçar na Receita baterias para as urnas eletrônicas. Se para o tribunal é difícil, imagina para um mortal comum. É outra coisa bem nossa. Ora se um componente indispensável para as votações é deixado para a última hora, o que é prioritário então.

    E se?

    Fico imaginando as manchetes caso as 24 mil baterias não forem liberadas. “Eleição no Brasil cancelada por falta de baterias”, “Fiasco democrático por falta de energia”, “Faltou pilha na urna”.

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  • Já que sou, o jeito é ser.

    • Clarice Lispector •