A noite dos saltos do peixe (1 de 2)
Estava eu em pleno sossego, na redação do jornal Zero Hora em uma noite de primavera de 1969, quando o telefone tocou. Eu era plantão da reportagem inicial, feliz da vida porque consegui escapar da madrugada, jornada que começava por volta da meia-noite e se estendia até as 7h da manhã.
Para conciliar banco – meu outro emprego – e ZH, conseguiu com a diretoria do Banco da Província licença para sair meia hora mais cedo, porque eu tinha que estar na redação às 19h. Naquele tempo, o expediente interno dos bancos ia até 18h45min.
Voltando à vaca fria. O plantão estava calmo, nenhum homicídio, acidente grave, coisa assim. O sujeito que me ligou disse que estava vendo peixe na avenida São Pedro, bairro São Geraldo, via perpendicular à movimentada Farrapos. Como assim, perguntei, peixe numa rua que fica longe do Guaíba? Sim, insistiu ele com aflição, juro por minha mãe!
– Vou dizer mais: já enchi dois baldes deles!
(Conclui segunda-feira)