O Chevrolet divino
Há décadas, um nativo de cidade do Vale do Caí deixou o torrão natal e foi procurar maneiras de vencer na vida. Encontra-a na forma de cerveja. Abriu uma fábrica no interior e se deu muito bem. Tão bem que presenteou a sua mulher, também nascida na sua região, com um belo Chevrolet Impala do ano. Reluzente e potente, uma maravilha.
A senhora em questão contratou como motorista um amigo de infância. De tempos em tempos ela e o chaufer, como ela gostava de dizer -pronunciando a palavra francesa assim mesmo e não chofer -, voltava às suas origens visitando os parentes sentada no banco de trás com o melhor vestido que o dinheiro podia comprar.
Ela gostava demais da combinação azul e branco, ainda mais quando voltava para a colônia onde nascera. Os vestidos daquela época eram longos, e bota longos e largos, e bota largos nisso, parecia a copada de uma figueira nativa. Por isso mesmo, ela sentava bem no meio do banco de trás do possante – adivinha a cor?
Quando os colonos da região avistavam um rastro de poeira antes da missa de domingo já sabiam que era ela. Como o quadro estava pronto, o carro e ela com um vestido quase da largura do Chevrolet exclamava quase que em uníssono “Mutter Gottes”.
Que vem a ser “Mãe de Deus” em português.