• O resgate

    Publicado por: • 21 jan • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Meio dia, sexta-feira. Caminho pela Rua da Praia, nas imediações do Zaffari, quando um sujeito troncudo mas zero aparência de morador de rua emparelha comigo e diz:

    – Já leste o livro O Resgate? Muita gente não leu e se ferrou.

    Ameaça, birutice? Saberei quando pedirem o meu.

    O tríplex…

    Os jornais gaúchos têm um conceito estranho sobre o que vem a ser um prédio luxuoso. No final de semana, saiu uma nota dando conta que a Polícia prendeu, em Santa Cruz do Sul, um homem de 35 anos que fazia a contabilidade de uma quadrilha de traficantes “e morava num tríplex avaliado em R$ 1 milhão”. Vamos combinar uma coisa. Um milhão em três andares dá R$ 333 mil por andar, é quase o valor de um apartamento do Minha Casa, Minha Vida.

    …a suíte

    A metragem total provavelmente não deve ultrapassar 70 m2. Ah, dirão, mas tinha piscina e banheira com hidromassagem. Neste caso, a tal banheira deveria ocupar um andar inteiro. Nesses apartamentos minúsculos, que estão construindo, tem que entrar com muito sono no quarto de casal. Perdão, “suíte”. Não esqueçam que, em muitos, o que antes se chamava de quarto da empregada também virou “suíte”.

    …e sardinhas

    Outra coisa nestes pequenos apartamentos em que tem que entrar de lado e se esgueirar nas peças: biblioteca nem pensar. Se botar em prateleira não cabe mais que meia dúzia de livros. E dos fininhos. Ah, é tendência, dizem os corretores. Claro que é. Tendência de virar sardinha em lata.

    Eternamente condenados

    Não sei porque as gentes se horrorizam tanto com a baixa qualidade dos nossos parlamentares. É o retrato fiel da sociedade brasileira, ora, e como tal tem gente boa, safados, ladrões, gente de respeito, pessoas acima da média, gênios, idiotas, malucos, sem-noção. E à pergunta que sempre fazem “Mas onde vamos parar?”. Vamos parar onde este país vai parar. Não vai parar, já parou, deitado eternamente em berço esplêndido. O Brasil resiste à qualificação. Não é pessimismo. É constatação.

    Publicado por: Nenhum comentário em O resgate

  • Palestras

    Publicado por: • 21 jan • Publicado em: Notas

    “A arte de contar histórias” e “a capacidade dos livros de mudar o mundo” são os temas centrais das palestras de Vitor Bertini. Informações podem ser obtidas em seu site ou pelo email: bertini.palestras@gmail.com.

    Justiça

    Visite o site do TJRS www.tjrs.jus.br  e a página no Facebook www.facebook.com/tjrsnoticias e siga o @tjrsnoticias no Twitter.

    Jornal do Comércio

    Leia e assine o JC clicando aqui.

    Publicado por: Nenhum comentário em Palestras

  • Não entendi

    Publicado por: • 20 jan • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Eu não entendo os boletins da Emater RS. Vejam o início da matéria sobre o arroz que enviado ontem:

    Arroz apresenta adequado desenvolvimento e condição fitossanitária boa

    Para a cultura do arroz, predomina no Estado a fase de desenvolvimento vegetativo com 68% das lavouras e 25% em floração. A cultura apresenta desenvolvimento normal e adequado, além de condição fitossanitária boa. De acordo com o Informativo Conjuntural divulgado pela Emater/RS-Ascar, nesta quinta-feira (17/01), as lavouras mostram um bom stand de plantas e o vigor também é considerado bom. 

    Só na rabeira da matéria o texto remete às chuvas que afogaram o arroz e a soja na Fronteira Oeste do RS. Como o texto é longo e nem todos leem até o fim, a primeira reação de quem o lê é de exasperação – mas como que eles não sabem que vamos colher UM MILHÂO de toneladas a menos devido às chuvas que inundaram, literalmente, toda a vasta região?

    E não é a primeira vez. Então não foi distração.

    Publicado por: Nenhum comentário em Não entendi

  • Pesadelo linguístico

    Publicado por: • 19 jan • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Não é à toa que nos queixamos da falta de comunicação. Por uma série de razões, as palavras que proferimos e escrevemos são perfeitamente entendidas pelos jovens e suas tribos, mas em outro contexto que só os mais maduros não captam. Nosso contexto, advindo do aprendizado nos ensinou a ter determinada compreensão de várias palavras emendadas – as frases – é entendida de forma diversa pela geração Y e Z.

    É uma coisa de louco imaginar que as mesmas expressões claras entram obscuras na mente dos jovens, que processam o significado de uma forma que só eles entendem. Tem a ver com viver em casulos, e casulos eletrônicos. A minha floresta não é a floresta deles.

    Os praguejadores

    Os norte-americanos vivem fazendo pesquisas sobre assuntos aleatórios e a penúltima concluiu que os profissionais que praguejam no trabalho têm menos chances de decolar na carreira. O trabalho é do site CareerBuilder.com, o maior portal de busca de empregos dos Estados Unidos. Os patrões não gostam de gente assim, segundo o site. Só que, quando o patrão pragueja, não acontece nada.

    Isso sim daria pano pra manga. Eu já trabalhei com patrão que infernizava tanto a vida dos funcionários, especialmente a minha, que eu caí de banda. E olha que o cara pagava bem. Na realidade, nem sei porque nunca escrevi o livro Manual do Patrão. Já tive tantos e de comportamentos tão bizarros que, ao trabalhar com um chefe “normal”, ficava desconfiado.

    Publicado por: Nenhum comentário em Pesadelo linguístico

  • Foram tantas as emoções…

    Publicado por: • 18 jan • Publicado em: A Vida como ela foi

    draculaOs falecidos atores Cristopher Lee e Peter Cushing foram responsáveis pelos maiores cagaços que levei na vida, pelo menos nos meus verdes 16 anos. Meu pai tinha uma fiambreria – lembram delas? – na rua Álvaro Chaves, bairro Floresta. Certa noite chuvosa, fria e ventosa, foi ver o filme Drácula, o Príncipe das Trevas, na sessão das 22h. Foi o primeiro de uma longa série de filmes de terror do diretor Roger Cormann.

    O Orfeu ficava a umas seis ou sete quadras da minha casa. Embora proibido para menores de 18 anos, eu era especialista em enganar porteiro. Hoje, o filme não assustaria nem mesmo criancinhas. Mas na época, só o título já dava calafrios. Éramos ingênuos, então.

    Por causa do tempo e do horário tardio, havia poucos espectadores na enorme sala do Orfeu. Já sentei me encolhendo todo. Fechei os olhos várias vezes e em uma delas me perguntei porque diabo eu fui ver um filme de terror noite avançada.

    Então começou o filme de terror propriamente dito. À meia-noite, a Porto Alegre de então não tinha mais bondes ou ônibus. Voltei a pé me encolhendo todo de frio e de medo. E, para piorar, faltou luz. Meu jesus cristinho me tira dessa! Tá escuro, chove, o vento faz úúúú nos telhados, não enxergo nada, estou molhado como cusco de rua, com frio e medo. Se o senhor não puder, por favor, manda meu anjo da guarda. Onde está o cara, justo quando eu mais preciso dele? Se escapar dessa, eu juro que não espio mais a empregada tomando banho!

    Cheguei são e salvo em casa. Minhas calças quase sofreram uma tragédia.

    Publicado por: Nenhum comentário em Foram tantas as emoções…