O caso da lebre…
Funciona assim: alguém levanta uma lebre com chifres, pé de galinha – em vez de patas – e rabo de pavão envolvendo autoridades dos governos ou de algum pato de plantão, denuncia o acontecido nas redes sociais, com cópia para a imprensa, que pega o caso e faz um estardalhaço de norte a sul. O assunto é analisado pelo MP, Supremo ou outra instância do Judiciário.
…de chifres
Ante tão grave denúncia, o MP, Polícia Federal, Supremo ou outra instância qualquer pega o pião na unha. Depois de algumas investigações preliminares, constatam que não existe lebre de chifres, pés de galinha e muito menos com rabo de pavão. Arquiva o caso ou nem dá prosseguimento à denúncia. Apesar disso, meio Brasil acredita nesse Frankenstein lebreiro e até juram que viram uma.
…pés de galinha
Tão logo isso ocorra, o criador ou criadores da denúncia bradam aos céus e à mídia, dizendo que o autor da irregularidade tem padrinhos fortes que sepultam qualquer pretensão de apurar o caso, que por si só é prova do mal havido. Então, o autor da denúncia é entrevistado por equipes nos telejornais, que generosamente levam ao ar a lebre de chifres com pés de galinha e rabo de pavão como se verdadeira fosse.
…e rabo de pavão
Diante de tão grave denúncia, o leitor/telespectador passa a acreditar em lebre com pés de galinha e rabo de pavão, dizendo que o Brasil é o país da impunidade, mesmo que algum especialista entrevistado diga (bem no fim da matéria) que esse bicho não existe. No Face e outras redes sociais, os crédulos (mais de dois terços da população) desdenham do especialista postando algo na linha “só não contaram para ele que as lebres tem chifre, pé de galinha e rabo de pavão!”
Nossa missão
Segundo uma das maiores raposas jornalísticas que conheci, a principal função do jornal é alarmar o povo.