Colecionador de cretinices
Eu sou um colecionador de cretinices. Oficiais, principalmente. Não que goste, mas por dever de ofício. É uma maldição que vem dos tempos em que a humanidade evoluiu do macaco alfa para a chefia da aldeia. Na realidade, muitas chefias dizem besteiras ou tomam decisões bestas insufladas por assessores. Tirando os poucos que realmente são bons, o resto foi invenção do Foguista Lá de Baixo. Se não criação, pelo menos frequentaram um curso de aperfeiçoamento bancado pelo chifrudo.
Quando leio ou ouço os mais realistas que o rei defenderem a chefia e esgrimindo argumentos sem pé nem cabeça, tenho a impressão que alguns deles têm um orgasmo. Múltiplo. Um a cada menção do nome do líder. É curioso esse suicídio de pessoas públicas. Em vez de se cercar por pessoas qualificadas, dão preferência aos puxa sacos. Dá no que dá. Esta é uma das tantas estupefações que também tenho colecionado ao longo da minha carreira. É como ouvir que o bacon foi inventado pelo político, filósofo e ensaísta inglês Francis Bacon.
O pensador espanhol Jose Ortega Y Gasset disse uma frase que ficou famosa, o homem é o homem e suas circunstâncias. No caso, as circunstâncias são os assessores, que, não raro, deixam o homem público de calças arriadas. O que é uma circunstância muito embaraçosa, para dizer o mínimo.