• Mora na filosofia, por que rimar amor com dor?

    • Compositor Monsueto Menezes, em 1950 •

  • A.C – D.C (final)

    Publicado por: • 28 maio • Publicado em: A Vida como ela foi

    A partir dos anos 1990, as boates e danceterias de Porto Alegre começaram a mudar completamente de perfil. Os jovens e não os menos jovens passaram a curtir e dançar nestes espaços. Um fato que até hoje ninguém abordou com profundidade foi a crescente presença das meninas, inclusive não necessariamente acompanhadas de namorados. Geralmente, vinham com uma amiga do peito ou em grupo, e não mais ficavam passivas esperando o bote dos homens. Começaram a tomar a iniciativa.

    Em síntese, os códigos velados que no passado as mulheres emitiam e que nem sempre conseguiam ser decifrados pelo alvo colimado passaram a ser explícitos. Chega de intermediários, eu vou à caça. Não por coincidência foi também a época em que as mulheres faziam públicas suas rebeldias contra ser objeto. E também diplomas legais e formais enquadrando o assédio ganharam as ruas e a mídia.

    Comparo essa fatia da história contemporânea com a revolução sexual do final dos anos 1960, Woodstock, minissaias ousadas, sexo & drogas e rock and rol. E essas atitudes de parte das mulheres começaram a assustar os homens acostumados a ganhar no grito e na marra. Broxaram, por assim dizer.

    Uma outra revolução surgiu paralelamente na década de 1990: o celular, o celular que fotogravava tudo a caminho da internet. Você destruía uma reputação – e ainda destrói – com um clique ou com um vídeo postado na web. Quem caiu de banda foram os homens mais maduros, que tinham no escurinho das boates a proteção para pular a cerca. Então este público foi diminuindo, e como este público é que tem dinheiro, as boates foram sumindo por falta de fluxo de caixa.

    Assim foi. Como será mais adiante? Provavelmente os papéis se inverterão. Serão os homens que retomarão a iniciativa do jogo da sedução explícita e vão querer seu lugar ao sol. Inclusive judicialmente.

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  • O CAUSO COMO O CAUSO FOI

    Publicado por: • 28 maio • Publicado em: Sem categoria

    Por que eu acredito mais em lobisomem do que em redação de jornal? Conto agora.

    A AGONIA DE UM JORNAL

    Em junho de 1984 o vetusto Correio do Povo original, da Caldas Júnior de Breno Caldas, Porto Alegre, parou de circular, gatilho para o desmoronamento total do império de Breno Caldas, incluindo 10 mil hectares de campos de primeira qualidade a 30 Km de Porto Alegre, em Viamão. Sabia-se que o grupo estava mal, mas não que seria em breve o desenlace – hoje, o jornal antes standard e agora tabloide é da Record.

    O FALECIMENTO DE UM JORNAL

    Um dia antes do dia fatídico, estava eu em um almoço da ADVB, sentado ao lado de um pecuarista que era bom de papo, melhor em contar causos e pouco dado à leitura. Ele puxou meu braço e disse que aquele dia era o último do jornal que circulou ininterruptamente por 89 anos.

    Quando cheguei na redação de Zero Hora – eu escrevi o Informe Especial (Página 3) naquela década – fui direto na chefia dar a notícia que, achava eu, todo mundo já deveria saber. Não sabiam. Horas depois, veio a confirmação que o Correião estava kaput.

    INTERVALO DE DESCONFIANÇA

    Quem melhor se programou para o desenlace do CP foi o diretor comercial da Zero Hora, o Madruga Duarte. Ele já tinha até um cálculo para saber o aumento do faturamento via anúncios fúnebres, que normalmente saíam apenas no Correio.

    PRIMEIRA MORAL DA HISTÓRIA

    Escrevo tudo isso para repetir uma convicção que tenho desde aquela época: o lugar mais mal informado de uma cidade é a redação do jornal. Entendam que é um conceito.

     

    SEGUNDA MORAL DA HISTÓRIA

    E por que digo isso? Na semana passada, boa parte e até a maior parte dos emitentes de opinião colocaram em dúvida o sucesso das manifestações pró-Bolsonaro. Em boa parte notava-se claramente a torcida para que o Capitão desse com os burros n’água. E ele acreditou. Tanto que orientou seus ministros a não comparecer nos atos. Ontem, era comum ler matérias tipo “é, foi muita gente, mas…”isso ou aquilo.

    DESEJO E REALIDADE

    Depreende-se que o sucesso das manifestações foi ruim para Bolsonaro. E mais uma vez digo que o lugar mais mal informado é redação de jornal. Ou, em versão mais amena, nunca confunda desejo com realidade. Costuma dar errado em 100% dos casos.

    A FOTO DO FATO

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    No encontro dos governadores de diversos estados (Cosud), no sábado em Gramado, os diretores do BRDE conversaram com o presidente do BNDES, Joaquim Levy. Na abertura do evento, Levy citou o BRDE como banco parceiro. Na foto, estão Vicente Bogo, secretário do Codesul-RS, Levy,  Luiz Noronha, vice-presidente do BRDE, e Wilson Lipski, diretor de Operações do banco, do Paraná.

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  • A cada volta que dava, deixava pedaços de corações.

    • Cuesta Abajo, tango •

  • A.C – D.C (1 DE 2)

    Publicado por: • 27 maio • Publicado em: A Vida como ela foi

    As boates pudicas, semipudicas e devassas têm um marco regulatório bem definido: antes e depois do aparecimento dos celulares e smartphones. Daí o título acima. O auge desses locais de encontro para dançar, azarar ou simplesmente beber e curtir foi até os primeiros anos da década de 1980. Algumas hoje chamaríamos de danceterias, e as melhores eram frequentadas pela grã-finagem real ou aquela metida a besta. E como Porto Alegre era pródiga neste segundo público.

    De qualquer forma, gastava-se bem e pendurava-se bem a conta. Conheci donos de boates que nem mesmo corriam atrás dos devedores. Como parte das bebidas destiladas – uísque, a bebida da moda – inevitavelmente era falsificada, os que pagavam cobriam os que não pagavam. Às vezes, vinha assim do “atacado”, às vezes era produção artesanal. Conheci um cara que morava em uma cidade-dormitório perto de Porto Alegre que falsificava um legítimo Joãozinho Caminhante de idade avançada.

    Tudo que acontecia nas noites e madrugadas era abafado pela escuridão regada a luz negra ou estroboscópica. Pecados mortais se transformavam em efêmeros vagalumes de pecadilhos menores. Como na época Porto Alegre tinha poucos motéis, e todos ficavam longe, produziram a máxima “se meu Fusca falasse”. Carro não fala e não tinha detetive de grampo a preço razoável para a plebe ignara. Então, na manhã seguinte, um lava-rápido evaporava os rastros leitosos do crime perfeito.

    Então veio o progresso.

    (Continua amanhã)

    Para ler o final, clique aqui.

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