• Não importa por que lado seja aberta a caixa de um medicamento. A bula sempre vai atrapalhar.

    • Lei do Remédio •

  • O Chevrolet divino

    Publicado por: • 30 maio • Publicado em: A Vida como ela foi

    Há décadas, um nativo de cidade do Vale do Caí deixou o torrão natal e foi procurar formas de vencer na vida. Encontrou-a no Interior do Estado, bem longe dali. Em poucos anos, estava rico. Tanto que presenteou a sua mulher, também nascida na sua região de colonização alemã, com um belo Chevrolet Impala, do ano, reluzente e potente, uma maravilha.

    A senhora em questão contratou como motorista um amigo de infância. De tempos em tempos, ela e o chaufer Waldemar apareciam. Voltava às origens visitando os parentes com o possante, sempre sentada no banco de trás com o melhor vestido que o dinheiro podia comprar.

    Ela gostava demais da combinação azul e branco, ainda mais quando voltava para a colônia. Os vestidos daquela época eram longos e largos como o Rio Caí em dia de enchente, ela sentava bem no meio do banco para espalhar bem as vestes abundantes.

    Quando os colonos avistavam um rastro de poeira antes da missa de domingo, já sabiam que a bordo do carrão azul e branco estava a conterrânea que enricou, e em uníssono a chamavam de Mutter Gottes.

    Que vinha a ser “Virgem Maria” em alemão.

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  • Tá na Mesa

    Imagem: Freepik

    Publicado por: • 30 maio • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    É o nome da reunião-almoço semanal da Federasul, em boa parte com temas palpitantes. O prato de ontem foi o papel da imprensa neste rolo todo chamado Brasil. O Editor-Chefe do JC, Guilherme Kolling, um dos sete palestrantes deu uma bela largada ao dizer que ser informado não é a mesma coisa que ser bem informado. Então quero dar meu pitaco e dizer que o emprego da palavra MÍDIA para designar a imprensa é errado. Mídia é uma expressão furtada da publicidade – plano de mídia.

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    PRATO PRINCIPAL

    Entre uma garfada e outra do prato principal, ouvi os demais palestrantes e além dos pertinentes comentários sobre nosso papel. Citando inclusive os veículos ou grupos que são críticos contumazes do presidente Bolsonaro, Globo, Folha. Fez bem feito, porque eu digo sempre que nós da imprensa sempre nos tratamos com luvas de pelica e na porrada quando são os outros.

    SEGUNDO PRATO

    Insisto na minha crença, solidificada há anos, que não seríamos nós a única instituição a estar em crise de identidade e vendo os vagalhões de erros e omissões solapando nossas fundações. Isso sem falar que não sabemos mais contar histórias, no sentido de textos agradáveis, que cativem o leitor. Estamos mais para necrotério do que para berçário.

    SOBREMESA

    Outro assunto ventilado foi o alto volume de informações disponíveis aí incluídas as redes sociais. Como disse o jornalista Marco Martinelli sentado do meu lado, um ás em tocar campanhas eleitorais no Brasil e no exterior, 60% das postagens são fake news. Sem falar nas mesmas informações, vídeos e lendas urbanas que circulam como uma onda no mar do Lulu Santos, vão e vem há anos.

    CAFEZINHO

    Com a queda nas receitas publicitárias, a imprensa escrita demite profissionais de valor e diminui custos, não raro capando qualidade agregada ao produto. E temos um problema contornável, mas que exigiria uma revolução nas redações: parar de copiar as mesmas fontes, as agências de notícias. Teríamos que reaprender a contar histórias, como escrevi em cima, não apenas falar da China mas também da esquina.

    Ó QUE SAUDADES QUE EU TENHO

    Foto:  Henrique Nogueira

    Foto: Henrique Nogueira

    Na década de 1950, o Departamento Estadual de Abastecimento de Leite (DEAL) mantinha, em algumas cidades do interior, um sistema de distribuição a granel. Pelo menos em Montenegro (RS), a população chamava a caminhonete com tanques de leite refrigerado de Vaquinha. As donas de casa precisavam levar o recipiente. Pagavam na hora. Parava em diversas esquinas sempre no mesmo horário.

    Eram tempos outros. A excelente manteiga que o DEAL produzia tinha como primeiro destino as residências dos deputados estaduais, depois para os pontos de venda. E de graça. Ou no mól, como se dizia naqueles saudosos tempos.

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  • O tempo que gostas de perder não é tempo perdido.

    • Bertrand Russell •

  • A peruca digital

    Publicado por: • 29 maio • Publicado em: A Vida como ela foi

    Vamos às coisas do dia a dia e não apenas a tragédias – que de uma forma ou outra, é mais de uma por dia. Ao fato: o comando que vos escreve também é cultura digital: se o seu smartphone deixar de carregar direito, se leva horas para tanto ou a bateria descarrega mais rápido do que o normal, não a culpe. Vá numa oficina que eles limpam o receptáculo – eu ia falar orifício, mas ele é retangular – que tende a acumular sujeira e dificultar a recarga. O meu estava assim e o levei para a oficina da Michele Camargo.

    Tiraram uma peruca de dentro dele, e olha que o buraquinho é minúsculo. Então perguntei como eu posso limpar, é só passar lima escovinha? Nããão, berrou o rapaz que me atendeu, tem que ser escova especial para não danificar as ranhuras do encaixe. E onde compro? Vem em um kit, ele disse, com um monte de outros acessórios. E lá no fundo da caixa está lá o raio da escovinha.

    Então é assim nesse mundo de Deus. Você compra um kit onde tem chave de roda, chave inglesa, chave Phillips, macaco hidráulico, porcas e parafusos quando só quer uma escovinha que custa um pila. Se tanto.

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