• Cure o passado, viva o presente, sonhe o futuro.

    • Provérbio irlandês •

  • Manoel dos 30

    Publicado por: • 2 jul • Publicado em: A Vida como ela foi

    Se existiu um sujeito que se virava nos 30 era o Manoel Nascimento, 71, falecido domingo. Era uma figura conhecida no Centro de Porto Alegre desde o início dos anos 1970. Como podem ver pela foto, Manoel nasceu sem braços, mas nem por isso desistiu. Começou a vender bilhetes da Loteria Federal e depois as loterias da Caixa.

    Fiz uma nota com foto dele na página 3 do Jornal do Comércio de Porto Alegre dia 29 de março, mostrando que ele era um exemplo para muita gente que desiste da vida mesmo sem nenhum problema físico. Agora imaginem a dificuldade que o Manoel tinha na administração do dia a dia, desde se vestir, comer e beber e outras atividades corriqueiras – para nós.

    Manoel, escrevi, foi à luta, se virou nos 30. E sempre com um sorriso, como se observa na foto. Nunca desanimou e nem maldisse a vida que o fez nascer assim. Suas camisas tinham dois bolsos. Em um, guardava o dinheiro e troco para quem escolhia os jogos da Caixa, que ficavam no outro bolso. No dia em que o fotografei, perguntei se ele alguma vez foi passado para trás.

    – Não que me lembre – falou.

    Gente como o Manoel sempre me comove. Em vez de ficar choramingando nas calçadas, arregaçam as mangas. Vale para todos os portadores de alguma deficiência, incluindo os que praticam esportes. É gente fora do comum, pontos fora da curva.

    Meus respeitos, seu Manoel.

    Publicado por: Nenhum comentário em Manoel dos 30

  • O guri da esquina

    Publicado por: • 2 jul • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Estava eu matutando sobre a visita de Donald Trump à Coreia do Sul, a primeira de um presidente norte-americano se excetuarmos a visita de Teddy Roosevelt ao então Império Coreano em 1911, que me pus a pensar. Quem é o vivo dessa história? Respondo Kim Jong-un. Igual a gurizada que faz malabarismos com bastões nas sinaleiras, ele fez malabarismos com seus foguetes com artefatos nucleares, deixando o mundo apreensivo: e se me cai um bastão nuclear? Nas esquinas, um sempre cai.

     

    O PARRUDO DO NORTE

    Se caísse o bastão, todo mundo perderia. O que faz seu Trump? Primeiro ameaça, mas no fundo sabe que a América do Norte precisa dar uma enquadrada no guri coreano, mesmo se tiver que dar uma mesada para ele parar de brincar com bombinhas. E lá se foi ele, de fato. Se vai dar ou não saberemos depois, mas por enquanto primeiro as primeiras coisas.

    FOGO AMIGO

    O presidente Bolsonaro completa seis meses de governo curtindo um baita paradoxo: a oposição de esquerda ainda não se organizou, mas o inimigo é a oposição interna, inclusive e principalmente o próprio governo. E a tal de base aliada. No Brasil de hoje, base aliada frequentemente vira base inimiga. É o caso.

    MEU QUERIDO DIÁRIO

    Que ainda não tenho, mas deveria ter. Nele eu escreveria sobre minha estranheza sobre o comportamento bursátil, da Bovespa no caso. A economia está capenga e, mesmo assim, a bolsa brasileira tem navegado de vento em popa, excetuando alguns dias em que a procela ameaçava o barco. Mas a tendência era de alta, ainda é. Seu Sydney Nehme, da NGO Correta, diz que em julho o otimismo segue enfunando as velas da bolsa, apesar do governo e seus paradoxos – é isso, doutor Nehme?

    A BOLSA E A VIDA

    Pois é. Certo, está todo mundo botando os ovos da cesta da Reforma da Previdência como salvadora da pátria, mas não acho que a simples aprovação das novas regras – capengas, por sinal – seriam capazes de gerar toneladas e mais toneladas de investimentos externos. Ocorre-me outra explicação. Lede abaixo.

    SÍNDROME DE FHC

    Quando Fernando Henrique Cardoso apareceu em rede nacional de rádio e TV para se anunciar que matematicamente ele era presidente – deveria ter sito aritmeticamente, mas não se pode exigir isso de um filósofo – a Bovespa despencou. Fechou o dia em queda de 6,5%. Mesmo eu, que lido com bolsa desde o início de 1970, levei um choque. Mas como? Afastado o perigo Lula e entra um liberal – vocês acham isso ruim?

    ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO

    Não, não era isso. Há um axioma que explica: a bolsa sobe no boato e cai no fato. Então, sem bola de cristal, mas com cabelos brancos como conselheiros, os poucos que me restam, acredito que depois da Reforma da Previdência ser aprovada a bolsa cai. Recupera depois, mas ao longo do tempo. Cai para a famosa realização de lucros. E que lucros.

    COMISSÃO DE FRENTE…

    A Comissão do Arroz da Farsul realizou sua segunda reunião em São Sepé, e contou com a presença do presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira. O debate girou em torno do atual quadro da cultura e as definições dos principais temas a serem tratados neste ano.

    …DO ARROZ GAÚCHO

    Na reunião foi utilizada a análise SWOT, onde são apontadas as principais ameaças, fraquezas, forças e oportunidades. A partir da listagem, foram definidos os três principais assuntos de cada item que serão trabalhados nos próximos encontros. A questão tributária, para o presidente, também merece atenção. “Necessitamos que o Mercosul aconteça em todos os sentidos e, para isso, precisamos equilíbrio de tarifas”, comenta.

    O CARINHO QUE FALTA

    O coordenador da Comissão do Arroz, Francisco Schardong assim definiu o problema da orizicultura gaúcha: ”O arroz vive um momento delicado, ele precisa de carinho”.

    Publicado por: Nenhum comentário em O guri da esquina

  • Quando você liga para números errados de telefone, eles nunca estão ocupados.

    • Maldição de Graham Bell •

  • A arte de descascar

    Publicado por: • 1 jul • Publicado em: A Vida como ela foi

    Pego uma laranja e a descasco com faca sem acidentes de percurso. Consigo essa façanha após uma vida inteira descascando laranjas, como o pianista do filme Feitiço do Tempo. Não posso garantir que consiga fazer o mesmo com um abacaxi, por isso nem tento. Frutas são coisas esquisitas, do ponto de vista logístico. Chego a pensar que a natureza nos sacaneou em boa parte delas.

    Imagem: Freepik

    Se a natureza fosse perfeita, como dizem – uma grande bobagem, por sinal – melancia vinha com alça e o abacaxi viria em gomos, como na bergamota (mexerica). A minha expertise de descascamento de laranjas levou décadas para ser aperfeiçoada. Lembro quando eu era piá, a consternação que eu sentia quando a casca caia no chão após uma ou duas rodadas da faca.

    Um famoso criminalista de Porto Alegre usava a técnica da laranja para distrair os jurados. Enquanto o promotor perorava, ele se punha a descascar lentamente uma laranja de umbigo, operação que ele fazia em um ângulo que os jurados podiam ver. E o advogado era tão bom criminalista quanto descascador, nunca deixava cair a peteca, ou a casca. E o promotor falava para poucos porque os jurados estavam esperando a interrupção do corte. Nunca aconteceu.

    De onde se conclui que, para ser um bom advogado criminalista, descascar laranja com perfeição pode ser uma boa estratégia na defesa de réus.

     

    Publicado por: 1 comentário em A arte de descascar