• De churrasqueiro e de louco todo mundo tem um pouco.

    • Ditado popular •

  • A primeira pizzaria

    Publicado por: • 7 ago • Publicado em: A Vida como ela foi

    Na Porto Alegre dos anos 1960, pizzaria era um luxo. Aqui e acolá alguns restaurantes ofereciam pizza, mas como opção. Pizzaria mesmo foi a El Molino, na Cristóvão Colombo logo após a Ramiro Barcelos, sentido Centro-Bairro. Havia um espaço coberto e outro ao ar livre, sob um frondoso caramanchão. Eu era freguês assíduo desde que meu dinheiro desse, e isso significava não mais que duas vezes ao mês, Sim, comer fora não era barato, podem crer.

    Não havia muitas variedades. Uma só de queijo, outra queijo e presunto e uma terceira com salame italiano, se não me falha a memória.Era oferecida em dois tamanhos, uma grandalhona tipo família e uma média. E pasmem: elas levavam orégano! Todas elas tinham orégano!

    Também havia um diferencial em comparação com as de hoje, o molho. Entre a massa e as camadas de queijo e presunto, no meu caso, um molho espetacular. Dizem que não se bota molho em pizza, mas quem a paga sou eu e boto nela o que eu quiser. Vai comer pastel de bergamota com pinhão, vai.

    Se o distinto freguês achasse pouco, uma garrafa de Pepsi-Cola cheia desse molho era salpicada através de uma rolha furada. E também tinha orégano. Nossa Senhora das Massas dos Fornos. Ficava uma delícia. Não havia tele-entrega naqueles tempos, óbvio, então tinha que comer tudo ou deixar os restos. A cultura não contemplava levar a comida que não se comia para casa, não senhores. Os donos ficavam brabos pela simples consulta.

    Hoje tudo mudou, inclusive a pizza. Em alguns casos, para pior.

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  • Quando eu era menino

    Publicado por: • 7 ago • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Um dos personagens da Escolinha do Professor Raimundo, o Joselino, começava seus causos com “quando eu era menino, lá em Barbacena”. Cá do meu horizonte longínquo perdido adaptei para “quando eu era menino, lá em São Vendelino”. Tinha e tenho muito para contar e parte já está contada. Por isso não quero rever minha terra natal. Tudo mudou, o meu arroio poluiu, o mato despareceu, tem muito concreto, os amigos e vizinhos já morreram. Digo como um decepcionado Drummond de Andrade, Belo Horizonte nuca mais.

    QUANDO O BRASIL EXISTIA

    Dá para dizer que o Brasil dos meus tempos também desapareceu. Vou chover no molhado, mas é fato. Havia respeito entre alunos e professores. Muito embora eu não sinta saudade da vara de marmelo que, às vezes, castigava minha retaguarda. Mas era do jogo. Aprontou, apanhou. Eu lamento o fim do tempo dos desfiles cívicos do Sete de Setembro, a parada da mocidade, as serestas, os bailes de carnaval já na cidade grande, a visão de Porto Alegre iluminada à noite, vista da Toca da Onça do Morro São João. O Brasil era um ser respeitado.

    QUANDO OS PRESIDENTES ERAM FICÇÃO

    Lembro vagamente do Getúlio Vargas e seu retrato nos jornais, depois do Marechal Dutra levando seu famoso livrinho (a Constituição Federal), o Getúlio de Novo, seu suicídio, até que fiquei grande e, com título de eleitor, embarque no Jânio Quadros. Não durou. Mas presidente era um ser que fixava abaixo do Brasil, entendem? Na cabeça de guri, um presidente passa, mas a Nação fica. Então éramos eternos, por assim dizer.

    QUANDO OS POLÍTICOS ERAM RESPEITADOS

    Lembro das conversas em casa quando minha mãe dizia que votaria em candidatos católicos do PDC – meu pai era alemão, não naturalizado, não votava aqui. Durante anos e anos, ela votou em Arlindo Kunzler para deputado federal, que entre outras qualidades era amigo dos meus pais. Político corrupto era raro. Podia até ter culpa em cartório, mas não de sair nos jornais. E jamais venderiam seu voto em troca de emprego para parentes, jamais. Isso era considerado feio.

    A FORMAÇÃO DA MESA

    Quando eu já era bem mais que um menino de São Vendelino, passei a observar a formação da mesa principal em eventos, inaugurações e assemelhados. Governador, prefeito, o arcebispo, o Chefe de Polícia, o Magnífico Reitor da Universidade Federal e só depois os políticos. Como a TV mal engatinhava, não existiam os papagaios de pirata. É verdade que, algumas vezes, eles se empilhavam uns em cima dos outros atrás do retratado, como se edifício fossem.

    FESTA NO BARRANCO

    O Barranco é uma instituição comandada pelos sócios Elson Furini e Chiquinho Tasca. Devem ser poucos os nativos que nunca foram almoçar ou jantar lá. A passagem dos 50 anos de fundação da casa foi lembrada pela Assembleia, proposição dos deputados Ernani Polo e Frederico Antunes, do PP.

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    Por sinal, Elson é chamado de Élcio e Chiquinho não é Francisco, mas Ilmar. Além do mais, é a cara de Joaquim Levy, ex-ministro e ex-presidente do BNDES.

    O BRASIL QUE FUNCIONA

    EXPOAGAS 2019

    Consolidada como um evento para empresas de todos os tamanhos e dos mais diferentes setores da economia, a Expoagas 2019 – 38ª Convenção Gaúcha de Supermercados reunirá 48 mil pessoas ligadas à cadeia do abastecimento, entre os dias 20 e 22 de agosto, no Centro de Eventos Fiergs, em Porto Alegre, para oportunizar networking, relacionamento, negócios e qualificação aos participantes.

    Promovida pela Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), a feira deverá movimentar pelo menos R$ 520 milhões em negociações entre os 372 expositores e os visitantes – em sua maioria, representantes de empresas supermercadistas de todo o Brasil e de outros 11 países. Além da feira de negócios, que contará com fornecedores de produtos, equipamentos e serviços para o varejo e apresentará mais de 800 novidades ao mercado, a Expoagas 2019 possibilitará, em uma série de palestras, visitas, seminários e oficinas, qualificações para diferentes públicos.

    Cada vez mais multissetorial, a feira novamente tem gratuidade nas inscrições antecipadas a varejistas de supermercados e de outros setores do comércio, como hotéis, bares, restaurantes, farmácias e lojas de bazar e R$ 1,99. Neste ano, a cortesia estende-se também a produtores rurais pela primeira vez. A principal novidade desta edição é o reposicionamento dos espaços Premium e Circuito de Negócios, criados no ano passado e que integram novos expositores às oportunidades oferecidas pelo evento.

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  • E no oitavo dia Deus criou a pizza.

    • F. A. •

  • A história do galeto

    Publicado por: • 6 ago • Publicado em: A Vida como ela foi

    Pobre quando come galinha, um dos dois está doente. Essa era uma máxima que valeu até o início dos anos 1960. Galinha era cara, não se comia todos os dias. Cara e dura, por sinal, então o melhor era fazer galinhada com horas na panela. O frango tal como o conhecemos surgiu quando visionários olharam o panorama visto do galinheiro: por que não encurtar o ciclo de criação? Do ovo à galinha se passavam mais de três meses, hoje em torno de 40 dias, se tanto. Com a escala, essa proteína animal ficou cada vez mais barata.

    O galeto al primo canto surgiu nas regiões da colonização italiana do Rio Grande do Sul, estendendo-se em seguida para as galeterias ao longo das rodovias com maior movimento. Mas por que de uma hora para outra os gringos passaram a comer pedacinhos de osso com alguma carne ao redor? Por causa do fim dos passarinhos, que eles caçavam à exaustão. A passarinhada era o galeto al primo canto de hoje.

    Caçavam as pobres aves às centenas e milhares. Depenadas, eram enfileiradas em espetinhos finos ao longo de dezenas de metros de fogo. Pode parecer cartesiano, mas com a quase extinção dos pássaros e o terrível desmatamento terminou a moleza. O que mais se aproximava de uma passarinhada eram os franguinhos adolescentes. O resto dos gaúchos não achava graça em chupar ossinhos, então surgiu o frango ou galeto como o conhecemos.

    Para azar dos frangos, ao fim e ao cabo.

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