• O papagaio mau caráter

    Publicado por: • 14 ago • Publicado em: A Vida como ela foi

    Ontem contei a história da galinha Passionária, galináceo que bebia cerveja e morreu de cirrose. Nem ovo botava mais, de tão pingunça que a ave se tornou. Animais com comportamento humano não são incomuns. Uma amiga tinha um pinscher gay – com todo o respeito pela opção. Parece que morreu de overdose. Um amigo de nome João ganhou de presente um papagaio dedo-duro. Bem, ele não nasceu assim, a mulher dele que o transformou num tremendo mau caráter.

    Turquoise-fronted parrotO meu amigo sempre chegava tarde em casa, sempre. Na verdade, de madrugada. Ser publicitário, nos velhos tempos, era batalhar pelo cliente dia e noite. E para aguentar o tranco, bebia-se uísque. Como refresco, cerveja. Em vez de sobremesa, a docinha Malzbier. Era comum chegar em casa molhado por dentro. Certo dia, a perpétua pediu um papagaio.

    – É para me servir de companhia. Quero ensiná-lo a falar – explicou.

    Meu amigo achou um deu a ave à mulher. De brinde, veio um poleiro com correntinha reluzente. Passaram-se dias, semanas, e cada vez que ele chegava em casa cheio de mé, deparava-se com o psitacídeo mudo em cima do poleiro na sala.

    – Como é? Essa figura não vai falar nunca?

    – Calma benhê, leva algum tempo – falou a distinta.

    Algum tempo depois, ele chegou adernado em um ângulo de 45 graus, prestes a sucumbir à lei da gravidade.

    – Como é? Não vai falar nunca?

    O papagaio abriu o pouco de asas que lhe restaram.

    – João é um gambá! João é um gambá!

    Imagem: Freepik

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  • Pelotão de fuzilamento

    Publicado por: • 14 ago • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    O deputado federal Alexandre Frota foi expulso do PFL por ter atacado o chefão. De expulsão em expulsão, o Capitão vai perdendo seu pelotão.

    BALA DE FESTIM

    Mas para o deputado a morte (política) não é destino certo. O DEM e o PSDB aguardam que ele defina para qual partido vai. Tem retaguarda de votos. Mudança é o que interessa, programa não tem pressa.

    PROGRAMA À BRASILEIRA

    Nos tempos em que a moral da pensão ainda era levada a sério, candidato a cargo eletivo que se prezasse só abraçava um partido se o programa partidário estivesse de acordo com suas convicções. Com a frouxidão moral, programa era só para constar. Com exceção das siglas de esquerda, justiça seja feita, embora, na prática, a teoria muitas vezes seja outra.

    ESPANTO DE ET

    No programa do PDS dos anos 1970, que hoje é o PP ou Progressistas, o programa previa a cogestão nas fábricas, um contrabando que algum velho camarada inseriu no contexto. Imaginem o espanto de um ET lendo o programa de um partido tido como de direita com esse corpo estranho.

    BALA DE VERDADE

    Com os ataques que vem desfechando agora em escala mundial, o Capitão lembra o filme Intriga Internacional. Uma coisa é certa: brigar com a Alemanha não é exatamente uma boa ideia. Alemães são como elefantes, eles não esquecem.

    O OSCAR VAI PARA…

    Frota se tornou conhecido como macho man e figurou em filmes pornô. Com a política brasileira aconteceu o contrário. Era um filme-cabeça e virou filme pornô.

    DINHEIRO VOADOR

    Houve uma época – e não faz muito tempo – que se passavam cheques pré-datados. Então vieram os cartões de crédito, chamados de dinheiro de plástico. Segundos depois, apareceram os cartões de débito. Agora chegou a vez do dinheiro com chip – os celulares. O vil metal voa por aí e aterrissa em quem tiver senha. Do cheque “voador” ao dinheiro voador, quem diria.

    O BRASIL QUE FUNCIONA

    Os números do Banrisul I

    Na apresentação do balanço do Banrisul, chamou a atenção o lucro líquido de R$ 655,3 milhões, mas há outros indicadores que também merecem atenção. A inadimplência (considerando atrasos de mais de 90 dias) caiu para 2,20% em comparação com os números do mesmo período de 2018, quando atingiu 3,37%.

    Os números do Banrisul II

    Também deve ser destacado o notável crescimento das operações da Rede de Adquirência Vero, que cresceu 11,2% em número de transações e 13,8% no valor. Ou seja, o antigamente chamado dinheiro de plástico que virou dinheiro virtual é cada vez mais usado pela população.

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  • Nada é tão duradouro quanto a mudança.

    • Ludwig Borne •

  • A galinha que bebia cerveja

    Publicado por: • 13 ago • Publicado em: A Vida como ela foi

    Nunca mais teremos uma galinha Pasionaria, uma comunista espanhola que virou ícone na esquerda brasileira. Em espanhol era com um “s”, na versão português era com dois. Minúcias. Pois a Passionária bebia cerveja a metro, e não é força de expressão. Foi nos anos 1960.

    O causo se deu quando uma roda da qual fazia parte o jornalista Cói Lopes de Almeida e um cara apelidado de Moicano. Eles frequentavam o bar-chope Urbano’s, no bairro Auxiliadora. A galinha era de estimação, saía do pequeno quintal do estabelecimento.

    Certo dia, alguém pegou-a no colo e botou um copo com cerveja na frente dela. Ela bicou, foi bebendo, bebendo e, alguns meses depois, era atração e notícia de jornal. Para que pudesse ser admirada pelos fregueses, colocavam-na em cima da mesa e derramavam a ceva na madeira. Daí sua reputação que ela bebia pra mais de metro.

    Obviamente, ela evoluiu para o alcoolismo. Sem o precioso líquido, a Passionária se portava de forma estranha. Delirium tremens, suponho. Pelo que o Cói me falou, ela morreu de cirrose. Já nem comia mais, a coitadinha. Um galináceo dependente químico, vê se pode.

    É para ver como o alcoolismo é democrático. Pega pobres, ricos, idosos, jovens, homens, mulheres. E até galinhas.

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  • O terço que preocupa

    Publicado por: • 13 ago • Publicado em: Caso do Dia, Notas

    Jovens brasileiros nascidos no século XXI serão 32% da população brasileira até final deste ano. É um terço, barbaridade de gente. A primeira coisa que ocorre na cabeça da gente é como e onde essa massa conseguirá emprego. Também deve ser feita outra pergunta: quantos desses 32% não querem nada com o basquete e vivem na casa dos pais?

    MAL DO SÉCULO

    É um fenômeno mundial esse da geração Z, também chamada de nem-nem, nem estuda nem trabalha. Todo mundo tem pelo menos um desses vagos na família. O pior é que eles se julgam com direito divino de não trabalhar. Educação, mal do século, relaxamento, falta de tenência, a consciência de vida curta e outra consciência, eles são jovens e sabem disso. Mesmo na vagabundagem.

    BOM JOUR TRISTESSE

    Digamos que desses 32% um terço quer trabalhar, mas não consegue emprego, um terço vai à luta e certamente terá um, e o terço restante seja nem-nem. O que estes últimos pensam da vida? Pois vos direi uma coisa. Isso não é novidade. Entre as duas guerras mundiais havia essa condição de curtir a vida ao máximo. O oposto, o culto pela depressão, era chamado de mal do século. Forçava-se esse estado de espírito, e o suicídio era cultuado. Teve até esse filme do título da nota.

    EU SOFRO MAS EU GOSTO

    A música brasileira copiou da Europa o culto à solidão, as canções dor-de-cotovelo. Antes da Bossa Nova era quase só que dava, pelo menos em termos de classe média. Houve um caso que nunca sai da minha cabeça. Quando estava na faculdade, uma conhecida que só se vestia de preto, não se pintava e vivia macambúzia era o retrato dessa geração deprê. Certa manhã, estava entrando no bar do Centro Acadêmico, e ela saindo.

    A GRANDE VIRADA

    Surpreendentemente, sorria. Perguntei a ela como estava naquela bela manhã. Ela fechou a cara.

     – Muito mal. Acordei bem.

     O QUE MANTÉM…

    …o mundo girando é o consumo, mas não é apenas comprar aquela camisa ou um eletrônico qualquer. Isso é uma das pontas do consumo, o comércio. Tem que considerar que você viaja para o exterior a bordo de um transatlântico e além das compras a bordo, compra a camisa e um eletrônico qualquer em algum país que não o seu.

    AMANSA POVO

    Então a economia precisa desesperadamente do consumo em massa. A outra forma de amansar uma massa é a religião ou religiões. Especialmente as que não admitem qualquer leitura nas entrelinhas dos seus respectivos textos sagrados.

     QUEM TE VIU…

    Nos anos 1970, tempo dos militares, a palavra de ordem do governo era “poupe”. Foi aí que a Caderneta de Poupança com seus cofrinhos virou febre. Todo mundo tinha uma. Nasceu um filho: Abre. Batizado de afilhada? Abre outra.

    …QUEM TE VÊ

    E qual é a palavra de ordem hoje? Gaste.

    O BRASIL QUE FUNCIONA

    O IARGS promove hoje palestra da advogada Daniela Eppinghaus Cirne Lima Sfoggia sobre o tema “A Nova Lei de Proteção de Dados. O fim dos termos de uso que ninguém lê”, a partir das 12h, integrando o Grupo de Estudos de Direito de Família, às 12h, no quarto andar do instituto.

    Mais informações: 3224-5788.

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